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Bolsonaro critica novamente Enem e sugere questão pró-ditadura militar na prova

Mateus Vargas/Folhapress
25 nov 2021 às 10:24

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- Carolina Antunes/PR
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O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a criticar nesta quarta-feira (24) a edição atual da prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e disse que, se pudesse, incluiria pergunta pró-ditadura militar (1964-1985) na avaliação.


"Se eu pudesse interferir, pode ter certeza a prova estaria marcada para sempre com questões objetivas, não com questões ideológicas, como ainda vimos nessa prova", disse o presidente durante evento sobre escolas cívico-militares, no Palácio do Planalto.

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Bolsonaro é defensor da ditadura militar, bajula o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, um dos principais símbolos da repressão e da tortura do período, e propôs que o Enem tratasse o golpe militar de 1964 como uma revolução, como revelou o jornal Folha de S.Paulo.

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No evento, o presidente não confirmou nem negou que tentou interferir na prova de 2021, mas disse tem o desejo de inserir pergunta sobre o tema.

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"Na imprensa saiu que eu queria botar matéria da ditadura militar. Não vou discutir se foi ou não foi ditadura, mas eu queria botar sim, uma questão", disse o presidente.


Na sequência, ele afirmou que a pergunta seria sobre a escolha de Castello Branco à Presidência, em abril de 1964, pelo Congresso, sugerindo que a eleição ocorreu dentro da normalidade.

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Bolsonaro já defendeu esta versão em outras ocasiões, mas ignora que antes do pleito indireto houve um golpe e diversos parlamentares foram cassados. O militar ainda era candidato único ao cargo.


"O que eu quero com isso não é discutir o período militar, é começar a história do zero", disse Bolsonaro. "Isso a garotada tem de saber", afirmou ainda.

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Na terça-feira (23), Bolsonaro minimizou a censura à imprensa durante o governo militar e disse que são mais graves as ações recentes do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) contra críticos da urna eletrônica. "Esse tipo de censura não existia no período militar. O que não era permitido, muitas vezes, era uma matéria ser publicada, daí o pessoal botava uma receita de bolo ou espaço vazio", afirmou Bolsonaro.


O primeiro dia de prova do Enem ocorreu no domingo (21). O conteúdo da prova foi considerado equilibrado por especialistas.

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No entanto, nenhuma pergunta falou sobre a ditadura militar no país. Desde o início do governo Bolsonaro, o período histórico, defendido pelo presidente, nunca mais apareceu na prova.


Às vésperas do início do Enem, servidores do Inep, órgão responsável pela elaboração da prova, fizeram uma série de denúncias sobre assédio moral que sofreram para suprimir perguntas com temas considerados inadequados pela gestão do órgão.

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No mesmo discurso desta quarta-feira (24), o presidente disse que "não tem governo 100% certo", também ao se referir ao período da ditadura.


"Eu sou mais acusado de desfeitos do que todos os governos nos últimos 100 anos", afirmou Bolsonaro.

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Em seguida, ele lembrou que o advogado Rodrigo Mudrovitsch foi eleito para ocupar uma vaga entre os juízes da Corte Interamericana de Direitos Humanos e disse esperar que o órgão arquive casos sobre o Brasil.


"Que uma vez passando por ele, se arquive isso aí, é um absurdo isso aí", disse o presidente, sem indicar qual acusação ele deseja que seja arquivada. Em janeiro de 2021, a OAB denunciou o governo Bolsonaro à corte por omissão na pandemia.


A mesma corte já condenou o Brasil por detenção, tortura e desaparecimento de guerrilheiros no Araguaia durante a ditadura.


Em outro trecho do evento no Planalto, Bolsonaro voltou a criticar debates sobre direitos LGTBQIA+.

"O que queremos para nossos filhos. Que menino seja menino, menina seja menina. Não aquele lixo acumulado de 2003 para cá, onde se falava de quase tudo na escola, menos física, química e matemática", disse Bolsonaro.


O presidente também minimizou castigos físicos a crianças para impor disciplina. "Concordo que não gostei na época, mas mal ou bem me ajudou a chegar aqui", disse, ao citar a própria infância.


No mesmo evento, o presidente voltou a apostar na retórica anticomunista. "Se experimentarmos situação dessa de caos, como na Venezuela, a chance de se restabelecer a normalidade é próxima de zero", declarou.

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