O mais difícil era ficar sentindo o cheiro.
O tempo custa a passar, vai indo bem devagarinho enquanto o ar inebriante passa pelas narinas fazendo a boca salivar.
Duas horas antes o milho chegou da roça.
"Tá no ponto de fazer bolo de milho"!
Vamos então aos apetrechos: bacia esmaltada de branco, um ralo grande feito em casa de alumínio todo furado com prego, assadeira e lenha para o fogão.
A mão é firme, num vai e vem constante transforma os grãos em um creme grosso que fica ainda mais amarelado ao cair na bacia. Uma, duas, muitas espigas, a família é grande e o prato apetitoso além de que não é sempre que se tem milho no ponto.
A molecada começa se alvoroçar observando a mistura de ovos, leite, manteiga e açúcar sendo batida vigorosamente e já liberando os primeiros bouquets. Uma menina já mais crescida ajuda untando a forma e em seguida puxando a massa com uma colher e distribuindo pela assadeira.
Então o queijo, é desembrulhado de um pano fino e branco e fatiado finamente, as fatias cobrem a massa e direto ao forno que já estala de calor.
"Podem ir brincar, quando estiver pronto eu chamo".
A correria que distrai é a mesma que aumenta o apetite.
Tá pronto venham comer. Uma dezena de crianças e adolescentes se espremem na pia para lavar as mãos e o rosto suado, enquanto na mesa os pedaços estão cortados em grande fartura.
Ao fim da oração, grandes mordidas percebem o queijo tostado contrastando com a doçura e o sabor do milho.
Tão simples e tão bom.

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