A foice cortava firme, a capoeira de canela grossa deitava, a mão grossa e forte roçava preparando aquele local de terra forte e fresca pra receber mudas e sementes.
Tudo brotava e crescia. O adubo eram as cinzas das leiras queimadas que enchiam de vigor os caules e folhas.
A brotação era contida com a enxada, pesada e suada, que limpava o entorno numa labuta diária, arruando, coroando e empilhando.
Planta nativa a mandioca vingava e revingava, pois logo que as enormes raízes eram arrancadas, o caule era repicado e plantado em pequenas valas cavocadas no enxadão.
O Jeep encardido de pó ou de barro, nunca voltava vazio. Vinha carregado com os mais diversos produtos que a fartura da terra nova providenciava.
Dois moleques fazendo muita força arrastavam o balaio de palha até a beira do tanque, torneira aberta, as raízes eram lavadas entre pingos de suor avermelhado, esforço que seria muito bem recompensado.
Já cascadas e picadas cozinhavam na enorme panela preta, e entre as borbulhas lentas amarelavam e amaciavam "derretendo".
Com paciência os fiapos saiam, e entravam o sal e a farinha que a colher de pau mexia virando e revirando pra lá e pra cá até dar o ponto.
Agora as mãos mais habilidosas, lambuzadas de manteiga beliscavam a massa e faziam bolinhas às dezenas.
O recheio era de carne moída bem refogada com muita cebola, alho e salsinha.
Num movimento contínuo as bolinhas eram achatadas, recheadas e modeladas na forma de coxinhas, em seguida eram mergulhadas no leite gordo antes de rolar na farinha de rosca.
Gordura quente, a massa dourava rapidamente e a escumadeira ia retirando e colocando os quitutes numa peneira pra escorrer.
A pressa era maior que a fome. Eu pegava uma da peneira e mordiscava devagar pra não queimar a língua, mas devagarinho me deliciava.
Direto da roça: Coxinha de mandioca.
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