Arroz doce
O ronco é forte e a fumaça preta intensa.
Na estrada curvilínea os velhos FNM’s se deslocam lentamente fazendo da viagem dos veranistas um suplício.
Saímos de casa era noite fechada, carro lotado, criançada dormindo.
Andamos alguma horas no frescor da madrugada.
O sol passa por uma fresta do vidro meio coberto por uma toalha improvisada como cortina, esfrego os olhos, estico o pescoço e leio uma frase no para-choque bem ali na nossa frente: "Deus nos guie".
Meu pai transpira no queixo, muito concentrado, o silêncio é oportuno. A viagem rende enquanto todos dormem.
Agora, minha mãe já coordena brincadeiras de soletrar, adivinhar, cantar e outras mais que possam nos distrair e assim o tempo passa devagar, mas passa.
Uma bexiga apertada reclama e uma barriga roncando também.
Logo o carro adentra uma estrada secundária até um gramado a beira de uma represa.
Toalha xadrez sobre a grama, garrafas térmicas com água, café e leite a sustentam contra o vento. Banquinhos de três pés e assento de couro são armados, mas o melhor está por vir.
No centro de tudo uma caixa térmica vermelha é aberta, o bouquet imediatamente nos inebria. Em pequenos pratos de papelão são arrumados pedaços de frango empanados e fritos, acompanhados de uma farofa com miúdos e frango desfiado. O frango continua incrivelmente crocante e morno, a farofa perfumada e úmida.
O sabor da boa comida, a bela paisagem, uma delícia de "picnic" que nos acalma a meio caminho do mar.
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