Na concha

Desde os tempos do ginásio, me habituei a acordar bem cedo.
Em tempos de férias, isto significava levantar e estar sozinho por algumas horas.
Para não acordar ninguém descia para a areia da praia apenas de calção e com o sol nascendo corria e depois nadava.
Uma bela ducha instalada no calçadão tirava o sal e então seguia para a ponta da praia.
Era perto, chegava rápido.
Armações rústicas, algumas bancas de madeira cobertas por lonas coloridas, que além de uma boa variedade de pescados, alguns ainda se debatendo em cestos de palha trançada, também se podia comprar uma variedade de bons frutos do mar.
A enorme figueira imponente ajudava a filtrar o sol. Aos seus pés meio enterrados na areia alguns baldes cheios de mariscos mantidos vivos com a água fresca do mar.
Quase cantando no seu sotaque açoriano o pescador de cabelo araçá faz a propaganda:
"Leva o marisco freguês, colhido agora cedo, tá fresquinho".
Volto rapidamente, a carga é preciosa e viva. O brinde é um belo maço de alfavacas.
Na frente da casa alguns já desceram e o calor já esta intenso. Os mariscos vão para o gelo enquanto conversamos, lemos, jogamos, até que a fome começa a apertar.
"Já é hora de um bom belisco".
Na mesa da cozinha pico tomates, cebolas, alfavaca, pimenta, cebolinha.
Uma grande panela vai para o fogão com uma boa quantidade de azeite. Antes de o azeite fumegar refogo as "verduras", em seguida coloco sobre elas uma grande quantidade de mariscos com as conchas fechadas, tampo a panela e aguardo.
Assim que as conchas abrem, adiciono o vinho, a fervura levanta um vapor com bouquet de mariscos frescos ao chardonay, coloco a cebolinhas por cima e misturo. Com a ajuda de alguém seguimos para a praia com a enorme panela carregada pelas alças.
Sob a barraca e sobre a mesinha, mãos se revezam chuchando pão no caldo e pegando mariscos avermelhados, carnudos e saborosos acompanhados do vinagrete que vão à boca na sua própria concha. Para o melhor momento do dia: Mariscada ao vinagrete.

Clique aqui e confira a receita!