Arroz doce
Correndo pra lá e pra cá, inventando mil brincadeiras, a molecada era só alegria.
A copa da casa tinha uma mesa grande, feita para acomodar a família que sempre tinha convidados. A porta de correr que ligava ao quintal ficava aberta, o muito trabalho ali dentro era refrescado pela brisa que vinha de fora.
Algumas jovens senhoras, muito mais jovens que senhoras, trabalhavam felizes, amassando, mexendo, enrolando e enfeitando os mais diversos quitutes.
A criançada entre gritos e correria sempre davam um jeito de passar pela porta aberta e aproveitando a brisa que por ali adentrava, nossos olhares iam sobre a mesa.
Confeitos coloridos, massa de bolo, chocolate, e muitas mãos transformando tudo em delícias que seriam consumidas logo após o "parabéns".
No canto da mesa em uma bacia plástica, já usadas, mas não descartadas estavam as latinhas que levemente lambuzadas por seu néctar cremoso, muito doce e cor de palha, aguardavam por ali.
Depois de terem sido fundamentais na preparação de cremes, pudins, recheios, brigadeiros e beijinhos ainda lhes restava um "grand finale".
Já podem vir...
Este era um chamado ao qual já estávamos acostumados, sabíamos que aquele era um convite ao prazer.
Fila na porta, uma latinha e uma colherinha para cada um, o rosto rosado sorria agradecendo enquanto a colherinha raspava com cuidado todos os resquícios, para em seguida os dedos terminarem o serviço.
Que deleite condensado.
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