A casa era mista: um pouco madeira e outro tanto material. O piso de madeira levantado estralava conforme andávamos da sala, passando pelos quartos até chegar na cozinha, ali mudava para cimento com vermelhão muito bem encerado.
Construída na frente do grande terreno tinha ao fundo um enorme quintal onde o primeiro pedaço era calçado tendo ao lado um barracão com gaiolas lotadas de galinhas poedeiras onde meu avô Álvaro consumia ovos crus sentado na beirada do caldeirão de fazer sabão.
No fundo um pomar com mangueira, abacateiro, laranjas e poncãs ia até a cerca de balaústres coberta por chuchuzeiros e pés de maracujá. Tudo muito bem roçado, coroado e varrido tendo sempre um enorme monte de folhagens para ser queimado.
Ovos saboreados, os demais eram recolhidos. Seguia-se uma minuciosa limpeza das gaiolas sendo o poderoso esterco levado para curtir com as cinzas das folhagens.
Entre o cimentado e o pomar, muito bem cercada, semi coberta e irrigada estava a horta. Era ali que minha avó Mariquinha fazia a sua academia.
Lenço na cabeça e chapéu de palha, galochas nos pés, e nas mãos as ferramentas variavam entre enxadas, peneiras e pás de tamanho e peso variados. Serviço pesado que começava bem cedo e levava algumas horas para que os tratos culturais produzissem variedades coloridas de ervas, verduras e legumes.
A mão carinhosa apertava delicadamente os lindos frutos vermelhos que aprovados iam para a bacia de alumínio contrastando com o verde intenso do manjericão. Já de chinelo deslizando sobre o vermelhão abana a lenha que estrala. No fogão a água ferve e os tomates são escaldados, pelados e picados. A carne bem refogada recebe o tomate adocicado e juntos cozinham por horas até que um molho intenso de cor e sabor, em conchadas fumegantes vai cobrir a massa.
Meu Deus! Que saudade.
Ainda sinto o cheiro da horta, da panela e da "Colônia alemã" que ela usava.
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