O despertador tocava, o banho era rápido. O cheiro do café tomava conta da casa.
Abria a porta e recolhia o pão e o leite, que todos os dias eram deixados na mesinha ao lado da porta. Quatro garrafas de vidro cheias de leite e um grande pacote de pão francês, alguns seriam consumidos naquele dia, sempre sobrando alguns.
A sobra era calculada, pois os pães amanhecidos eram guardados. Alguns viravam torrada e outros tinham um destino bem mais saboroso.
Em um almoço domingueiro ao qual toda a família e alguns agregados eram convidados, a comida tinha que render...
Ingredientes baratos e fartos eram fundamentais para satisfazer os educados e lotar os gulosos.
Com a habilidade e a generosidade própria das antigas matriarcas, minha mãe e minha avó faziam milagres gastronômicos.
Assim, a lata de pães secos descia do armário e os pães eram picados e demolhados com leite e de tempos em tempos espremidos com as mãos.
Pedaços de carne eram passados pelo moedor, serviço que era revezado entre os meninos que giravam vigorosamente a manivela demonstrando a sua força; carne moída.
Em uma grande bacia a carne e os pães demolhados recebem temperos em doses exatas, sal pimenta, ervas e alguns ovos. Depois de muito bem misturada a massa descansa coberta por uma toalha branca muito limpa.
Por fim muitas mãos enrolam dúzias de bolinhas de carne que devem estar firmes e perfeitas.
Na grande panela com molho de tomate fervente, são colocadas com cuidado, fogo baixo, panela tampada.
Meio dia: três grandes travessas cheias de macarrão caseiro fumegante são cobertas pelo molho fervente e salpicados de queijo ralado e cheiro verde.
Todos se deliciam entre respingos de molho nas camisas e a delícia ainda muito quente que faz a gente comer soprando.
Almôndegas, simplicidade, fartura.

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