As novidades eram corriqueiras.
Na cidade endinheirada do final dos anos 60 pipocavam aqui e ali.
Empreendedores copiavam e até inventavam produtos que atraíssem a atenção dos consumidores, ávidos por experimentar os bons frutos do moderno capitalismo industrializado e gastar seu ouro verde.
Meu pai se empolgava e me empolgava, aproveitava a minha sede por conhecimento e sempre me levava com ele, além é claro de prover a casa com revistas, enciclopédias e jornais. Assim quando chegávamos aos estabelecimentos já sabíamos algo a respeito dos produtos.
A manhã era bem fria. O carro estacionou sob frondosas seringueiras, árvores originárias da Índia faziam muita sombra por aqui.
Logo que descemos o odor intenso de pena queimada tomou conta de nossas narinas, enfrentamos e atravessamos a rua. Ali num barracão pré fabricado a pequena agroindústria trabalhava a todo vapor.
Autorizados pelo proprietário pudemos observar algumas dezenas de frangos dependurados de cabeça para baixo que rodavam vagarosamente em uma linha de desmontagem; Escaldados, depenados, eviscerados e finalmente separados em pedaços para serem lavados e colocados em enormes caixas brancas separadamente: coxas com sobrecoxas, peitos, asas, e vísceras.
Na grande sala ao lado os cortes ficavam expostos em balcões refrigerados e as vendas eram feitas no atacado e varejo.
Em casa minha mãe desconfiada sapecava os pedaços no fogo e depois lavava e esfregava limão. Todos os pedaços iam para uma bacia onde recebiam sal, pimenta, alho, cebola e muitas ervas, e cobertos marinavam por algum tempo. Com azeite iam ao forno até dourar e dali para a mesa.
Eu sempre gostei da coxa pela sua suculência.
Naquele almoço pela primeira vez, eu e minha avó que sempre disputávamos as coxas pudemos saborear felizes duas ou três cada um, graças à produção agroindustrial em escala.
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