Olhei no espelho para conferir e pensei:
"Tá perfeito".
Chapéu de palha esgarçado, camisa xadrez com remendos, bigodinho ralo feito com capricho pela minha mãe, abri o sorriso e corri pra frente da casa pra esperar no portão os demais familiares.
Dali eu conseguia ouvir os estalos das bombinhas e o alto-falante da igreja tocando "pamonha, canjiquinha vamos saborear, comer batata doce e depois os fogos soltar. Viva São João".
Descíamos apressados pela Higienópolis. A Igrejinha na esquina abaixo tinha um barracão de madeira ao lado onde se realizavam as festas.
Entre a Igreja e o barracão, num terreno meio grama meio terra, a fogueira muito bem armada de pedaços de madeira seca entrelaçados até uma boa altura, tendo por dentro muita palha de milho aguardando a fagulha inicial.
No entorno do terreno, barraquinhas enfeitadas vendiam os mais variados quitutes, que arrumados em bandejas de papelão sobre o balcão, combinavam seu colorido com o das bandeirolas que balançavam pelo alto amarradas em longos fios.
Eu estava ali na festa já solto, encantado...
Em meio a tanta simplicidade, muita felicidade.
Meu pai se aproxima e me dá algumas fichas, pedaços de papel com um número carimbado, moeda corrente daquela festança.
Entre estalos, clarão de fogueira, dança de quadrilha, e muitas brincadeiras de tempo em tempo estaciono em uma barraquinha para me abastecer.
Já comi curau, agora vou no pé de moleque.
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