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Au Gratin

07 jun 2018 às 10:39

Algumas palavras se completam;
Inverno e gratinados, adolescentes e fome.
O espelho do banheiro estava embaçado, eu era o quinto na hierarquia de uso descontadas as emergências.
O chuveiro enorme e niquelado chiando fortemente tinha espalhado o vapor que agora escorria pelos azulejos gelados.
Se escovar os dentes não era fácil, imagina encarar os canteiros brancos de orvalho congelado, as calçadas úmidas e escorregadias e as carteiras de madeira escuras e frias.
Tive que tirar uma meia, o pé havia crescido e com duas a botina não entrava mais.
Esfrega daqui, pula dali, corre de lá e a gente ia aquecendo junto com o sol que ia brilhando e secando todos os cantos.
Entre hinos, aulas e muita correria nos intervalos a manhã passava e a fome apertava.
A mochila pesava nas costas enquanto subia a Avenida até minha casa. Nestes tempos a gente andava para tudo.
Mal batia a porta já tirava o gorro, guardava o material e respingava água nas mãos: friiiiiiia demais.
O cheiro do bacon bem fritinho deixava a boca salivando e não tinha enrolação, já pra mesa.
Obrigado a lavar as mãos direito, ia e voltava correndo a tempo de ver o enorme "pirex" passar fumegante: Batatas cozidas, entremeadas por um delicioso bechamel de bacon e cobertas com generosa camada de queijo crocante e dourada pelo calor do forno.
No prato o melhor do inverno, combinando com o frio e a fome as deliciosas batatas "au gratin". O nome era francês, as batatas Incas, mas o apetite era pé vermelho.


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