O dia estava muito quente e o sol secava rapidamente as poças barrentas e avermelhadas. Tudo foi lavado e agora brilhava intensamente.
O capim colonião num verde escuro intenso contrastava com a boiada branquinha que já aquecida começava a se movimentar.
Chifres grossos e cupins proeminentes determinavam raça e idade: zebuínos de três anos ou mais.
Enquanto adentravam o capim, a cada passo o couro solto mexia, chacoalhava as belas barbelas, e as costelas arqueavam cobertas por densa camada de gordura que tremia sob o couro lustroso.
Em tempos de muita fartura as festas eram constantes e variavam muito dependendo da origem do festeiro do dia, assim saboreávamos pratos bem preparados das mais diversas culturas.
Gaúchos, mineiros, paulistas, nortistas e estrangeiros, por aqui se estabeleceram e agora eram fazendeiros, comerciantes, políticos e profissionais liberais, comemoravam seu sucesso provendo seus convivas com deliciosas costeladas.
Podiam variar os temperos, a lenha, o espeto ou a panela, alguns preferiam a ripa, outros a minga ou a canoa inteira, mas a costela estava sempre presente.
Ossos largos e longos cobertos por grossa camada de carne e entremeados por uma gordura densa e saborosa, tudo coberto por uma capa mais fina e firme, o matambre.
Dava trabalho, a marinada era de véspera e o fogo começava na madrugada, cozinheiros e assadores se esmeravam para acertar o ponto, o tempero, o acabamento, e na hora da maior fome o serviço começava e eu me deliciava.
Fogo de chão, vaca atolada, ripa no espeto, matambre recheado, minga no celofane, e muitas outras mais fizeram e fazem da costela a minha predileta.
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