Em sua história clínica (reza a lenda que começou a desenhar como forma de terapia) Lourenço Mutarelli já foi diagnosticado como neurótico, psicótico e bipolar. Ao fecharmos seu livro ''Jesus Kid'', lançado pela Devir em 2004, esse diagnóstico não nos parece tão estranho.
Eugênio, um autor de westerns de bolso em crise, verdadeiro cataclisma social, recebe uma proposta tentadora - pelo menos para sua realidade pé-de- chinelo. Ganhará R$ 30 mil para escrever um roteiro sobre um escritor em um hotel que vive a dor do parto da criação. Como parte do projeto, Eugênio também ficará preso em um hotel durante três meses para escrever essa história. O desafio está incluir ação - cinema é ação - em um ambiente tão limitado, mas isso não será problema para a mente atormentada do autor.
Entre um comprimido e outro (betabloqueadores e outros psicotrópicos), Eugênio se embrenha numa rotina delirante, com pin-ups, enfermeiras, bonecos de cera e biscoitos chineses com mensagens misteriosas. Felizmente o escritor conta com um aliado - Jesus Kid, o personagem de seus westerns e também seu alter-ego.
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Na verdade o próprio Eugênio é o alter-ego de Mutarelli. Ele iniciou esse projeto a partir de uma encomenda do diretor Heitor Dália (Nina) para um filme de baixo orçamento sobra um escritor preso em um hotel. Como não se sentiu muito à vontade com o formato de roteiro, escreveu esse romance.
Serviço:
''Jesus Kid'', de Loureno Mutarelli. Editora Devir; 2004; 173 páginas; R$ 27,00