A Seção de Obras Raras do acervo da BPP (Biblioteca Pública do Paraná) guarda conteúdos especiais que chegam ao prédio. Desde 1954, itens antigos, primeiras edições, obras censuradas ou assinadas por autores importantes são categorizadas com a necessidade de cuidados adicionais de preservação, tendo seu acesso restrito a ocasiões específicas ou a pesquisas.
Por um longo período, devido à falta de estrutura, os materiais especiais não contavam com uma seção dedicada. Eles eram armazenados no subsolo, em caixas separadas, mas sem um trabalho de catalogação. Em 2008, foi criada a Divisão de Coleções Especiais, e os livros começaram a ser catalogados e indexados e apenas em 2017, durante as obras de modernização da Biblioteca, a sala anexa à Seção de Filosofia foi fechada e passou a acolher as obras raras.
Para preservar as obras, é necessário controlar a climatização e a iluminação natural. A temperatura deve ser mantida entre 20ºC e 22ºC, com baixa incidência de luz no ambiente, para evitar a proliferação de fungos. As estantes de madeira, suscetíveis aos cupins, foram substituídas por material de aço. Alguns itens mais sensíveis são guardados em um cofre, que só é aberto a partir de solicitações específicas, com uso de luvas, máscara e, em determinados casos, avental. Pelo fato da coleção ainda estar sendo recatalogada, não há dados exatos sobre a quantidade de obras raras na seção.
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COLEÇÃO E PRESERVAÇÃO
“Às vezes, recebemos doações de famílias de historiadores falecidos. Em outras ocasiões, as obras chegam de instituições públicas que estão se desfazendo de suas bibliotecas. Também há casos de livros que já fazem parte do nosso acervo de empréstimo há tanto tempo que se tornaram parte da coleção especial”, explica Lidiamara Gross, chefe do setor de Coleções Especiais, que coordena a equipe de manutenção e acesso ao setor. A BPP adota os mesmos critérios de preservação de obras raras estabelecidos pela Biblioteca Nacional, com sede no Rio de Janeiro.
O item mais antigo e valioso da BPP é um exemplar de 1584 do livro Orlando Furioso, poema épico de cavalaria dedicado ao cardeal Ippolito d'Este (1479–1520), escrito pelo italiano Ludovico Ariosto e publicado pela primeira vez em 1532. Esse material também é guardado no cofre da Biblioteca. Assim como outros livros, revistas e publicações variadas, ele passou por um cuidadoso processo de preparo e conservação.
“Eles passam pela higienização e restauro, página por página; processo de invólucro, em poliéster; catalogação e, em seguida, são incorporados ao acervo," explica Gross.
Com entrada restrita, apenas pesquisadores, com a comprovação da instituição acadêmica, têm acesso às obras, seguindo as orientações de visita. O interesse parte, na maioria das vezes, para consultar o acervo de materiais de quando o Paraná pertencia à então Província de São Paulo, até 1853, quando foi emancipado. Mas também há o interesse por outros itens, como a coleção de 2.500 ex-libris (rótulo de identificação do proprietário do livro), que pertenceu ao colecionador Ely de Azambuja Germano e tem diferentes procedências, inclusive de diversas personalidades da história brasileira.
Entre os objetos mais curiosos estão os minilivros, com tamanho médio de 4 cm x 6 cm, menores que a palma da mão. Nos exemplares, dicionários em diferentes línguas e uma edição do clássico El Ingenioso Hidalgo Don Quijote de la Mancha (Ediciones Castilla), de Miguel de Cervantes, considerado o primeiro romance moderno e uma das obras mais influentes da literatura. Devido ao tamanho das letras, as palavras são quase ilegíveis, sendo necessária uma lupa para leitura.
BPP
A Biblioteca Pública do Paraná é uma das maiores instituições culturais do Brasil. O acervo reúne cerca de 750 mil livros, periódicos, fotografias, mapas, cartazes e materiais de multimeios e multimídias. É uma Diretoria ligada à SEEC (Secretaria de Estado da Cultura), ocupa uma área de quase 9 mil metros quadrados e é uma das bibliotecas públicas mais frequentadas do país, atendendo em média 16 mil usuários por mês e realizando aproximadamente 500 empréstimos de livros por dia e mais de 230 mil leitores estão cadastrados.
Seção de Obras Raras
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