"Se Deus, ao criar o homem, já sabia de antemão que a maior parte de suas criaturas seria atormentada por toda a eternidade na sua passiva contemplação – como ensinam os religiosos – então, esse Deus não seria sábio, nem justo e jamais seria um Deus de amor’. Quem diz é o escritor londrinense Nelson Araújo de Oliveira, 69 anos, autor do recém-lançado livro ‘Redimensionando Conceitos’, um alerta – segundo ele – aos desvios cometidos pelos pregadores de todos os matizes.
O volume reúne 17 artigos, cinco dos quais foram publicados na seção ‘Espaço Aberto’, da FOLHA. A edição é independente e saiu da gráfica com uma tiragem de 3 mil exemplares. Para o autor, os religiosos mudaram princípios, adulteraram conceitos e reprimiram o sagrado direito de expressão. Como resultado disso, subjugaram o povo às crendices e idéias absurdas, como a da vida eterna de sofrimento.
‘O suposto martírio que as religiões anunciam para os pecadores é incalculavelmente pior do que o holocausto nazista, mais martirizante ainda do que a Inquisição e mais assustador do que as bombas de Hiroshima e Nagasaki’, acentua. Oliveira enfatiza que seu objetivo é promover o despertar contra a idolatria, os conflitos teológicos e os falsos pregadores que enriquecem ludibriando o povo.
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Professor pós-graduado em Estatística, com formação também em Contabilidade e Organização Comercial, ele deixa claro que não é ateu, mas um cristão convencido da existência de Deus e de que a verdade habita as Escrituras Sagradas. O problema, segundo ele, está nos intérpretes da Bíblia. ‘Nenhuma religião ou igreja segue fielmente os ensinamentos de Cristo’, afirma.
A tese do corpo provisório para a alma do morto, defendida por alguns religiosos, é recusada com acidez pelo autor: ‘Essa doutrina de salvação de almas logo após a morte do corpo é uma iniquidade, pois anula a ressurreição, a maior promessa das Sagradas Escrituras. Afirmar que a alma vai ao céu na morte do corpo é extremamente perigoso e contradiz a palavra de Deus. Por causa disso, já aconteceram milhares de suicídios. As pessoas simples acreditam que podem chegar ao paraíso mais cedo e cometem o crime contra suas próprias vidas.’
Tal teoria, segundo o autor, seria responsável pelas ações extremistas islâmicas dos homens-bomba. Eles confiariam na falsa promessa de que encontrariam belas virgens no paraíso, logo após o ato terrorista. A mesma interpretação teria inspirado o pastor Jim Jones a conduzir 900 pessoas à morte, nas Guianas, em 1978.
De acordo com Oliveira, seu livro é destinado aos dirigentes das religiões, seitas e igrejas – e não aos fiéis. Ele, aliás, não recomenda a ninguém que abandone sua congregação, mas que busque o conhecimento da verdade. Confessa inclusive pertencer a uma igreja evangélica, embora esteja afastado exatamente para poder expor seus pensamentos discordantes. ‘Lá dentro, os pastores não aceitam críticas’, diz.