Pesquisar

Canais

Serviços

Publicidade
Publicidade
Publicidade

Gabriel García Márquez conta seus segredos

Fernando Jasper
01 out 2003 às 10:15

Compartilhar notícia

siga o Bonde no Google News!
Publicidade
Publicidade

"Não consigo imaginar um meio familiar mais propício para a minha vocação que aquela casa lunática, em especial pelo caráter das mulheres que me criaram". Como o próprio Gabriel García Márquez revela, ter passado a infância na casa ocupada pelos avós maternos e pelas tias solteiras é uma das melhores explicações para seu estrondoso sucesso.

Do avô, coronel veterano, ouvia intermináveis histórias de batalhas e guerras perdidas. Da avó, histórias sem pé nem cabeça que desde sempre inspiraram o realismo fantástico de seus livros. As loucuras das tias solteiras completavam o ambiente surreal da casa que ficava no centro da cidadezinha colombiana de Aracataca - que, um pouco mais insana, transformou-se na casa de Macondo, a aldeia fictícia de sua obra-prima Cem anos de solidão.

Cadastre-se em nossa newsletter

Publicidade
Publicidade


Outros tantos motivos para o êxito do escritor, prêmio Nobel de literatura de 1982, estão mergulhados em um oceano inteiro de recordações. Tanto que o recém-lançado Viver para contar traz à tona apenas algumas delas. O livro de 474 páginas é o primeiro dos três volumes que ele pretende publicar com as memórias de toda uma vida dedicada a escrever.

Leia mais:

Imagem de destaque
Para seguir minha jornada

Saiba mais sobre a nova edição da biografia de Chico Buarque oito ponto zero

Imagem de destaque
Literatura infantil

Professoras da rede municipal de Londrina lançam livro sobre folclore japonês nesta sexta

Imagem de destaque
'A cidade na retina'

Editora da Folha de Londrina lança livro sobre o cotidiano da cidade nesta sexta

Imagem de destaque
Nova obra

Maringaense Oscar Nakasato defende idosos da falta de paciência dos jovens em 'Ojiichan'


O título é bem sugestivo. Depois de ter extraído um câncer no pulmão e de vencer, em seguida, um câncer linfático, García Márquez percebeu que havia chegado a hora de contar seus segredos, e passou a viver para conseguir escrevê-los. Ou a escrevê-los para continuar vivendo, como reza a máxima que ele tomou emprestada de outro escritor já aos 20 anos - "se puder viver sem escrever, não escreva".

Publicidade


Aos 75 anos, o colombiano prova que tamanha paixão deu resultado. E mostra em sua autobiografia a mesma força literária que lhe rendeu o reconhecimento da crítica e do público, fama e dinheiro.


O reconhecimento da crítica até que veio cedo, com os primeiros contos publicados em jornais colombianos. O dinheiro foi o último a chegar, o que fez García Márquez passar por maus bocados até o lançamento do primeiro livro, O Enterro do Diabo, em 1955, que marca o fim de Viver para contar.

Publicidade


Tudo o que ocorreu até ali é narrado com seu jeito simples, mas misteriosamente envolvente: a iniciação sexual, as constantes mudanças da família, o ingresso na profissão de jornalista, o abandono do curso de Direito e as conseqüências de três maços diários de um "tabaco feroz".


O escritor não deixa de contar como ocorreu seu amadurecimento literário, alimentado por tudo o que lhe caísse em mãos, mas com atenção especial pelas obras do norte-americano William Faulkner.

Publicidade


Ler Viver para contar é, portanto, conhecer os caminhos que levaram García Márquez a escrever livros como O amor nos tempos do cólera, A má hora e Crônica de uma morte anunciada. É praticamente um manual de interpretação para toda a sua obra, com a vantagem de ter sido escrito por ele mesmo, com o belíssimo texto de sempre.


O final do livro não é, nem de longe, tão arrebatador e definitivo como o de Cem anos de solidão. Até porque deixa no ar um mistério que só se resolverá no segundo livro da série - que, dizem, já está a caminho.

Publicidade


Enquanto ele não fica pronto, "Gabo" comemora mais um de seus sucessos. Viver para contar já vendeu, em todo o mundo, cerca de 1,5 mihão de exemplares. No Brasil, teve a expressiva tiragem inicial de 50 mil exemplares, e as vendas lhe garantem, há quase dois meses, o primeiro lugar nas listas de não-ficção.


Que Gabriel García Márquez continue vivendo. E contando.

Serviço:
Viver para contar, de Gabriel García Márquez

474 páginas
Editora Record
R$ 55,00


Publicidade

Últimas notícias

Publicidade
LONDRINA Previsão do Tempo