Mesmo depois de anunciar o fim da fase de depoimentos do processo envolvendo o deputado federal André Vargas (sem partido-PR), o relator do processo no Conselho de Ética, deputado Júlio Delgado (PSB-MG) poderá, em uma nova tentativa, ouvir testemunhas e o próprio acusado de envolvimento com o doleiro Alberto Youssef.
O deputado era esperado para depoimento na semana passada, mas não compareceu e divulgou no Twitter que o relator já havia emitido sua opinião sobre o caso sem lhe dar direito de defesa. De acordo com assessores do Conselho de Ética, o deputado poderia comparecer à reunião marcada para as 11h de hoje, mas não apareceu. Procurado pela Agência Brasil, Vargas respondeu, no entanto, que não recebeu qualquer convocação. "Nem estou sabendo", respondeu por mensagem de texto por telefone.
Os assessores do Conselho de Ética informaram, em resposta, que o parlamentar foi informado sobre a nova possibilidade de depor por e-mails enviados ao próprio deputado e aos seus advogados. De acordo com o colegiado, Vargas ainda terá uma "nova oportunidade" para depor no início da tarde de hoje, na sessão marcada para as 14h.
Vargas é investigado por intermediar as negociações de um contrato entre um laboratório e o Ministério da Saúde para fornecimento de remédios. A empresa, chamada Labogen, seria um laboratório de fachada de Youssef, preso pela Polícia Federal na Operação Lava Jato, de combate à lavagem de dinheiro.
O Conselho de Ética ainda marcou outra reunião para amanhã (5). A expectativa do colegiado é ouvir, no início da tarde, o chefe de gabinete de Vargas, Vanilton Bezerra, que já confirmou presença, além do sócio do Labogen, Leonardo Meirelles, e o comerciante de gado, Júlio Gonçalves de Lima Filho.
Delgado deve apresentar seu parecer sobre o caso esta semana, mas para a votação ocorrer ainda no período de esforço concentrado da Casa, o relatório deve ser entregue até quarta-feira (6). Não há mais possibilidade de apresentação de novos documentos, mas André Vargas tem o direito de voltar a depor a qualquer momento, até a votação final no Conselho de Ética.
O deputado nega as acusações. O caso criou desconforto no PT, legenda na qual Vargas militou por 24 anos. Em abril, depois da divulgação das denúncias, foi o próprio deputado que anunciou sua desfiliação do partido.