A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta segunda-feira (21, a Operação Bad Bots, para aprofundamento da apuração da prática de crimes contra a economia popular e o sistema financeiro nacional por estelionato, lavagem de capitais e formação de quadrilha ou bando.
Cerca de 15 policiais federais cumprem, em Medianeira e Missal, no Oeste do Paraná, um mandado de prisão preventiva, um mandado de prisão temporária e três mandados de busca e apreensão, todos expedidos pela 9ª Vara Federal de Curitiba.
Estima-se que, por intermédio do golpe aplicado, os investigados tenham se apropriado ilicitamente de mais de R$ 6 milhões e lesado mais de três mil pessoas em território nacional.
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As investigações apuraram que, em meados de 2019, o investigado e sua companheira, alvos das prisões decretadas pela Justiça Federal, constituíram uma empresa na capital paranaense e passaram a oferecer ao público, por meio de um portal eletrônico disponibilizado em seu site, serviços com negociações de criptomoedas que prometiam remunerações diárias e mensais muito acima das praticadas pelo mercado.
Segundo informações colhidas durante a investigação, os clientes da empresa acreditavam que, ao contratar os serviços do grupo criminoso, robôs automatizados passariam a ser responsáveis pelo trade diário de criptoativos, aos quais cabia operar com os valores investidos e seus rendimentos pelo prazo contratado.
Após esse prazo, os clientes deveriam renovar o serviço ou encerrar a relação e requerer o saque do valor investido e dos ganhos. As informações apresentadas pelos investigados na plataforma eletrônica mostravam lucros exorbitantes aos clientes, motivos pelos quais era comum que houvesse a renovação dos serviços.
Por sua vez, havia ainda a promessa, pela empresa, de outros multiplicadores de ganhos caso os clientes indicassem novas pessoas para o grupo. Existia também a informação de que os clientes poderiam ganhar bônus se conseguissem indicar até três novas pessoas para a empresa. Além disso, havia o oferecimento de prêmios, consistentes em viagens e itens e bens de luxo, caso os clientes acumulassem pontos com os serviços contratados e indicações de novas pessoas.
Em determinado momento, no entanto, os clientes passavam a requerer os saques do capital investido e dos rendimentos que acreditavam ter acumulado, mas, de acordo com a investigação, eram fictícios. Diante da inexistência da liquidação dos pedidos dos saques, os investigados atribuíam os problemas para a não devolução dos valores a terceiros.
Fuga para o oeste
Diante de demandas extrajudiciais e judiciais, o investigado e sua companheira encerraram a companhia e, de acordo com a Polícia Federal, fugiram de Curitiba. Durante a apuração, foi constatado que o investigado, embora não pagasse seus clientes, ostentava, em redes sociais, a posse de recursos, com demonstrações da manutenção de altos valores em espécie e de carros de luxo.
Somente após o início das investigações e de diligências policiais, descobriu-se que o investigado e sua companheira passaram a residir no oeste do Paraná, onde teriam adquirido estabelecimentos comerciais em nome de laranjas para, possivelmente, usar e dar aparência de licitude aos valores dos quais se apropriaram indevidamente dos antigos investidores.
Além disso, o investigado passou a se utilizar de outro nome e a realizar movimentações financeiras e comerciais por intermédio de terceiros, ações executadas com o intuito de se ocultar das autoridades.
‘Robôs malvados’
As ordens judiciais cumpridas nesta segunda visam não apenas suspender as atividades criminosas, mas também elucidar a participação de todos os investigados nos crimes sob apuração, além do rastreamento patrimonial para viabilizar, ainda que parcialmente, a reparação dos danos gerados às pessoas que investiam na suposta empresa.
A investigação policial recebeu o nome de Operação Bad Bots por fazer referência a programas de computação desenvolvidos para realização de operações maliciosas, conceito que vai ao encontro do como como os investigados atuavam.
Por meio da internet e de plataforma eletrônica desenvolvida por eles, os suspeitos faziam seus investidores acreditarem que estavam contratando robôs automatizados que executariam operações financeiras com criptomoedas, mas, a partir do momento em que os valores eram transferidos para as contas da empresa, os proprietários se apropriavam e não faziam os investimentos prometidos.