A PF (Polícia Federal) deflagrou, na manhã desta quarta-feira (27), a Operação Derelicta, que tem como objetivo investigar uma quadrilha de criminosos responsáveis por aplicar golpes em terminais de autoatendimento bancário em agências da Caixa Econômica Federal em cidades da região de Londrina e de Maringá, no Norte e no Nordeste do Paraná, respectivamente.
Desde a manhã, policiais federais têm cumprido quatro mandados de busca e apreensão nas cidades de Maringá e Sarandi (Região Metropolitana de Maringá). Os investigados - três homens e uma mulher - são suspeitos de adulterar caixas eletrônicos para reter os cartões magnéticos de clientes, que eram retirados posteriormente.
O delegado da Polícia Federal de Londrina, Thiago Garcia Amorim, afirmou, durante uma entrevista coletiva, que o inquérito está em andamento e que novos integrantes da quadrilha podem ser descobertos. "Sabemos que a organização criminosa tem mais pessoas e que cada uma tinha seu papel. Com as investigações, vamos chegar nas outras", explica.
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Dos quatro investigados pela Operação Derelicta, um está preso pelo crime de tráfico de drogas, enquanto outro cumpre pena de prisão domiciliar por crimes de estelionato praticados em Maringá.
O GOLPE
Além de instalar um equipamento para reter os cartões dos clientes da Caixa, os suspeitos colavam adesivos nos caixas eletrônicos, os quais direcionavam as vítimas a ligar para um número para que o problema fosse resolvido. O número, que era falso, permitia a interação entre o cliente e um membro da organização criminosa.
"Muitas vezes, os suspeitos estavam próximos das vítimas, se passavam por clientes e ofereciam ajuda quando o cartão ficava retido. Era comum, ainda, que os criminosos oferecessem seus próprios celulares para a vítima fazer a ligação. Nesse contato com o outro membro da organização criminosa, conseguiam os dados e as senhas do cliente", detalha o delegado.
As orientações fornecidas pelo membro da organização criminosa direcionavam a vítima a deixar a agência bancária, o que permitia que os suspeitos retirassem o cartão do caixa eletrônico e realizassem saques e transferências bancárias para contas criadas em nomes de laranjas.
Os golpes eram aplicados, conforme aponta Amorim, na maioria dos casos, em horários de movimento intenso ou, ainda, durante os finais de semana, já que, nesse período, os funcionários da Caixa não estão trabalhando.
De acordo com o delegado, ainda não é possível apontar os valores que foram movimentados nos golpes. "Precisamos verificar essas informações com a Caixa, que tem sido prestativa nas investigações", afirma.
CRIMINOSOS AGEM DESDE 2021
Conforme aponta Amorim, os golpes têm sido aplicados pela quadrilha desde 2021, sobretudo em agências bancárias de Cambé, na Região Metropolitana de Londrina, Apucarana (Centro-Norte) e em Marialva, na Região Metropolitana de Maringá. O último caso registrado aconteceu em março deste ano.
"Até agora temos o registro de seis ocorrências, mas é possível que existam outras e, inclusive, em agências de outros bancos", explica o delegado da PF.
Os investigados responderão pelos crimes de furto qualificado e formação de organização criminosa, cujas penas máximas somadas atingem 16 anos de reclusão.
OPERAÇÃO DERELICTA
A Operação da Polícia Federal foi batizada como "Derelicta" - palavra que, em latim, significa "abandonado" por conta das provas deixadas pelos criminosos nas próprias agências bancárias. As anotações e os documentos permitiram a identificação dos principais envolvidos no esquema criminoso.
Uma folha de sulfite com o script que deveria ser seguido pelos suspeitos para enganar as vítimas foi um dos documentos deixados pela organização criminosa. A Polícia Federal apreendeu o material.
CAIXA SE POSICIONA
A Caixa Econômica Federal afirmou, por meio de nota, que tem cooperado de forma integral com a Polícia Federal e com outros órgãos de segurança pública envolvidos na investigação dos crimes registrados nas agências bancárias.
Confira o documento na íntegra:
"A Caixa informa que coopera integralmente com a Polícia Federal e demais órgãos de segurança pública nas investigações e operações de combate à crimes na instituição. Todas as informações sobre eventos criminosos em suas unidades são consideradas sigilosas e repassadas exclusivamente às autoridades competentes.
Em caso de movimentação não reconhecida pelo cliente, é possível realizar pedido de contestação em uma das agências do banco. As contestações são analisadas de forma individualizada e o resultado da análise repassado ao titular da conta.
Adicionalmente, esclarecemos que a Caixa possui estratégia, políticas e procedimentos de segurança para a proteção dos dados e operações de seus clientes e dispõe de tecnologias e equipes especializadas para promover segurança aos seus processos e canais de atendimento."
A instituição bancária alerta, ainda, que outras orientações de segurança podem ser conferidas no site.
Em situações como essa, a principal recomendação é que o cliente entre em contato com a empresa por meio de contatos fornecidos em seus meios de comunicação oficiais e, também, não passe a senha de seus cartões.