Dona de um canal no Youtube com 1,36 milhão de seguidores, o "Horta do Ditian", a farmacêutica e funcionária pública de Londrina Amelia Mikami Orikasa morreu aos 53 anos, na segunda-feira (9), após ter complicações provocadas pela Covid-19. Ela ficou internada por quase um mês na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital Evangélico, onde deu entrada em 13 de outubro, onze dias após a morte de seu pai, o "ditian” Yukinori Mikami, que faleceu devido a um câncer.
Amélia começou o canal como uma forma de melhorar a oratória, uma vez que sempre dava muitas palestras no trabalho. O canal começou, há cerca de quatro anos, como resenhas de livros que Amélia lia. Mas foi com vídeos feito com seu pai, que era agricultor aposentado, que os rumos do canal começaram a mudar.
"Ele fazia plantações em caixas de isopor na casa dele e ela gostou e começou a postar no canal, como vídeo avulso. Mas o público começou a gostar e ela focou só nisso", conta a filha mais nova, Vivian Kaori Orikassa.
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Recorde a matéria que o Bonde fez com Amélia e Yukinori no ano passado
Mais focada, então, em dicas, sugestões e tutoriais para cultivos de hortas caseiras, Amélia começou a estudar mais o assunto, fez curso de plantio orgânico e até escreveu um e-book com as técnicas que utilizava. A morte dela foi sentida pela comunidade dos youtubers e alguns chegaram a fazer vídeos em homenagens a ela. (Veja alguns no fim da matéria)
Pai e filha
Amélia revezava com a irmã os cuidados do pai, que tratava um câncer de garganta há cerca de quatro anos. Após a morte e Ditian, no dia 6 de outubro, Amélia ficou muito abalada e começou a apresentar sintomas de cansaço e aparentava estar ficando gripada, recorda Vivian.
No dia 13 de outubro, ela deu entrada no Hospital Evangélico e foi transferida para a UTI no dia seguinte, quando fez o teste para Covid-19. Uma semana depois, em 18 de outubro, Amélia precisou ser entubada, estado em que permaneceu até seu falecimento.
De acordo com Vivian, apesar de Amélia estar em tratamento contra o novo coronavírus, o que provocou o óbito foi um choque séptico. Ela ainda relata que a família foi liberada para velar Amélia porque, de acordo com os médicos, já não transmitia mais o vírus, devido ao tempo em que houve o diagnóstico. "Já havia passado o prazo de transmissão da Covid-19, por isso, foi liberado o velório, e ela morreu pelo choque séptico. Então, a causa primária foi a covid, mas ela estava em recuperação”, conta a filha.
Difícil aceitação
"Nós [família] estamos inconformados. Ela era jovem e não tinha diabete, pressão alta, sobrepeso, não tinha comorbidade alguma”, diz Vivian, que também contraiu o Sars-CoV-2, assim como seu pai, sua tia por parte de mãe e sua avó.
Ela e o pai, aliás, tiveram sintomas leves. "Nossa preocupação era com ele, devido à idade (74 anos) e um aumento da pressão provocada pelo vírus. Eu tive sintomas leves e minha avó ficou em casa, com auxílio de um respirador", conta.
Vivian conta, ainda, que esperavam trazer a mãe de volta para casa em breve. "Ela estava melhorando, estávamos tendo boas notícias de melhora desde a sexta-feira e tínhamos certeza de que ela sairia da intubação, do hospital, e voltaria para casa", lamenta. E complementa: "Minha mãe estava no pico da vida dela. Ela estava tão realizada, com o canal no Youtube, estava tendo mais tempo para curtir com a família, com os amigos; e, por isso, não nos conformamos por ela ter partido tão cedo, e pela covid, que é tão cruel”, diz.
Veja algumas homenagens de youtubers a Amélia Mikami Orikasa, do canal Horta do Ditián