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Pioneiros

Sessão Kinopus exibe filmes restaurados para comemorar os 90 anos de Londrina

Redação Bonde com N.Com
23 nov 2024 às 10:49

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- Reprodução
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Neste sábado (23), às 15h, acontece no espaço Villa Rica (rua Piauí, 211, Centro Histórico) uma edição especial do projeto Sessão Kinopus em homenagem aos 90 anos de Londrina. A sessão, com entrada franca, exibirá curtas do pioneiro Hikoma Udihara (1882-1972) filmados em Londrina entre os anos 1930 e 1960 e restaurados pelo cineasta Caio Julio Cesaro.


Além dos curtas de Udihara, será exibido o curta “Londrina 1959″, dirigido por Orlando Vicentini (1916-1991), um dos pioneiros do cinema londrinense. 

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Todos as obras são silenciosas, mas serão apresentados a partir de uma versão sonorizada pelo cineasta Rodrigo Grota.

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Depois da sessão, ocorreu um debate com a presença de Caio Julio Cesaro; de Solange Batigliana, diretora de Patrimônio Artístico e Histórico-Cultural da Secretaria Municipal de Cultura de Londrina; e da professora Edméia Ribeiro, diretora do Museu Histórico de Londrina. A mediação será de Rodrigo Grota.

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Essa edição especial do cineclube Sessão Kinopus é em parceria com o curso de História da UEL (Universidade Estadual de Londrina). Ainda tem a colaboração do NDPH (Núcleo de Documentação e Pesquisa Histórica) da UEL, que tem realizado uma série de atividades formativas para celebrar os 90 anos de Londrina.


Curtas de Hikoma Udihara

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O nascimento do cinema em Londrina partiu da vontade de registrar o que acontecia na região em que estava instalada a CTNP (Companhia de Terras Norte do Paraná). Era 1932 quando um cinegrafista de 50 anos passou a registrar em um filme reversível (com cópia única) 16mm as terras e a mata que atualmente é Londrina.


O cinegrafista era o japonês Hikoma Udihara (1882-1972), o primeiro cineasta londrinense, considerado pelo crítico de cinema Carlos Eduardo Lourenço Jorge “o ponto de chegada e partida imagística de Londrina”.

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Apesar de indícios de filmes em 1932, o filme mais antigo de Udihara, com data comprovada, é de 1934.


Nascido em 7 de novembro de 1882, na província de Kochi, no Japão, Udihara chegaria ao Brasil em 28 de junho de 1910, no porto de Santos (SP). Por volta de 1920, dedicou-se ao ramo de corretagem e colonização, fundando colônias e núcleos de imigrantes japoneses. Em 1922, ingressaria na CTNP, a convite do gerente geral da companhia, Arthur Thomas. Tornava-se o agente exclusivo da CTNP para negociações com japoneses.

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A nora de Udihara, Kasue, em entrevista ao pesquisador Cesaro, definiu-o como um cinegrafista prolífico: “Filmava tudo o que via. Era um curioso que gostava de fotografar e filmar”.


O cineasta prosseguiu com os filmes e vendas até 1969. Morreu em 1972, em São Paulo, depois de sofrer um derrame cerebral e ficar paralítico. Em 37 anos, fez cerca de 124 filmes curtos, que, conforme Cesaro, totalizam 10 horas de filmagens. Todos foram documentários, sem montagem, e com impressionante equilíbrio nos enquadramentos.

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Hoje, parte desses filmes se encontra disponível em VHS no acervo do Museu Histórico de Londrina. Outra parte está conservada na Cinemateca Brasileira, em São Paulo. Em 1999, a 1ª Mostra Londrina de Cinema homenageou o pioneiro atribuindo o nome dele ao troféu entregue pelo festival. Entre 2004 e 2006, Cesaro coordenou o projeto “LondrinaCinema70”, que sob o patrocínio do Promic (Programa Municipal de Incentivo à Cultura), da Prefeitura de Londrina, realizou a restauração de 13 filmes curtos de Udihara. Desse projeto, saíram os curtas que serão apresentados nessa edição especial da Sessão Kinopus, com o acréscimo de uma trilha sonora adicionada por Grota.


Londrina 1959

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Depois dos primeiros documentaristas do norte do Paraná, surge alguém disposto a fazer ficção cinematográfica, o médico Orlando Vicentini. O primeiro filme dele é de 1948, mas foi em 1949 que comprou a primeira câmera, a Bolex Paillard, 16mm, de origem suíça.


O primeiro filme de ficção londrinense, e possivelmente do Paraná, foi filmado entre março e abril de 1954, intitulado “Um Dia Qualquer”. Mostra os filhos do médico na rotina antes de ir para a escola. Em dezembro daquele ano, Vicentini produziria a segunda incursão dramática, o curta “O Natal de 54”. Ambos os filmes são coloridos e mudos, com cerca de 10 minutos de duração.


Apesar das condições precárias de que Vicentini dispunha, percebe-se que era profundo conhecedor da linguagem do cinema. De acordo com Cesaro, o pioneiro assistia a muitos filmes e tinha uma boa noção de alguns elementos da estética da sétima arte. Em filmes deles, há fusões, contra-planos, bons enquadramentos, e uma razoável direção de atores (seus filhos) que lhes reservam certo tom de espontaneidade.


Em 1959, é filmada a obra-prima de Orlando Vicentini e talvez o melhor filme da história do cinema londrinense, “Londrina 1959”, uma homenagem aos 25 anos do município. Para a produção do filme, conforme Cesaro, Vicentini comprou uma lente Cinemascope e usou filme Kodachrome colorido.


Mesmo com o bom resultado, Vicentini sempre achou “Londrina 1959” um filme ruim, comenta o pesquisador. “Ele ia tirando imagens do filme ao longo dos anos”.


A montagem inicial tinha de 40 a 50 minutos. A versão final, entregue à TV Coroados em 1984, na ocasião do cinquentenário de Londrina, tinha 20 minutos, que foram mostrados na íntegra pela TV, em rede estadual, em um especial sobre o município. As únicas cópias disponíveis desse filme estão com a família, no formato original e em VHS.


Em 2006, o cineasta Rodrigo Grota fez a telecinagem desse filme para o suporte Betacam analógico e para formato DVD. É essa versão que será apresentada nessa edição especial da Sessão Kinopus, com o acréscimo de uma trilha sonora adicionada por Grota.


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