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Joana D’Arc: Só falando de coisas boas, 2ª parte

16 jul 2018 às 08:47

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Joana D’Arc: Só falando de coisas boas, 2ª parte: o exemplo que, ao que tudo indica, foi uma autêntica santa

O escritor, comediante e pensador norte-americano Samuel Longhorne Clemens (1835-1910), ou simplesmente Mark Twain, é considerado por boa porção da "crítica especializada" o maior romancista de seu país, de todos os tempos, com obras como: As Aventuras de Tom Sawyer e Aventuras de Huckleberry Finn.
Mas, para ele próprio, a sua maior contribuição para a humanidade é a adaptação que realiza da história de Joana D’Arc. Esta teria sido contada por Louis de Conte, nascido e vivido no século XV e que se diz contemporâneo e muito próximo da grande personagem francesa, atuando como seu amigo pessoal, pajem e secretário.

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O livro (Joana D’arc, Rio de Janeiro: Record, 2001), de fato, é uma viagem fascinante, cavaleirosa e cavalheiresca digna de um Miguel de Cervantes (autor de Dom Quixote de La Mancha). Instrutiva, agradável (hilária em certos momentos) e provocadora no sentido reflexivo-comportamental. Transborda em demonstrações de: inveja, instabilidade mental, fraqueza de caráter, ódio, pura maldade e, sobretudo, ingratidão ao mesmo tempo em que, do outro lado, uma simples e vulnerável criatura Homo sapiens sapiens sozinha (Joana) – repleta de bondade – encara e supera todas essas adversidades tão "humanas demasiadamente humanas" (Obrigado, Nietzsche!!!) .
A tradutora Maria Alice Máximo principia assim o seu trabalho: "E a recompensa que teve foi ver o rei da França, a quem ela mesmo tinha coroado, assistir passiva e indiferente enquanto padres franceses levaram aquela nobre criança, a mais inocente, a mais adorável de quantas existiram, e a queimavam viva em uma fogueira". (p. 21).

Ingratidão. "O defeito que a gente menos reconhece em si" (J. Guimarães Rosa em Grande Sertão: Veredas, p. 545).

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Alguns trechos assaz interessantes, em ordem cronológica.

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"[...] pois a maior parte das coisas que sabemos neste mundo nos chega de segunda mão." (p. 38). Comentário de Louis de Comte acerca das informações não confiáveis que chegam às pessoas no século XV. Imaginemos agora, no século XXI, com tantas fake news oficiais (propagadas pelos noticiários, instituições científicas e de ensino etc.) e não oficiais (oriundas de serviços de inteligência por meio de contra-informação ou por civis irresponsáveis mesmo). É uma questão de extrema importância, mas, que por motivos de manipulação de massa e de controle de tecnologias comerciais-militares não se fala e não se discute, nem mesmo em universidades.
"Pobres criaturinhas! – disse ela. – De que será feito o coração de alguém que tenha pena de um filho de Deus e não tenha pena de um filho do Diabo, que necessita mil vezes mais?" (p. 45). Esta observação Refere-se a algo muito curioso, no fato de que se tem pena e/ou misericórdia de uns e não de outros quando a "palavra assim como as atitudes de Deus" deveriam ser aplicadas indistintamente. Isso nos faz lembrar Orígenes (teólogo cristão egípcio dos séculos II e III d.C.) que, em seu sistema filosófico-religioso de perdão e misericórdia, durante o Juízo Final, inclui até mesmo Satanás e seus seguidores mais implacáveis. A esse conceito dá-se o nome de Apocatástase.


A sua obra "Sobre os Princípios constitui a teologia cristã mais sistemática da Igreja primitiva, incluindo algumas doutrinas posteriormente declaradas heréticas [...] A mais famosa das suas ideias foi a de Apocatástase, a salvação universal de toda a criação de Deus, na qual o Mal é derrotado e o Diabo e seus ministros se arrependem dos seus pecados. Interpretou o Inferno como um Purgatório temporário, no qual as almas impuras são purificadas e preparadas para o Céu. O seu conceito de subordinação do Filho a Deus Pai foi condenado pela Igreja em 533. [...] Contra Celso de Orígenes é a primeira obra de fôlego da apologética cristã. Defende o Cristianismo contra o mundo pagão." (Dicionário de Filosofia de Cambridge, p. 688). Ainda conforme o dicionário, Orígenes separa a natureza humana em três partes: corpo, alma e espírito. "O primeiro era o sentido histórico, suficiente para pessoas simples; o segundo era o sentido moral; e o terceiro era o sentido místico, acessível somente às almas mais profundas." (p. 688).


No próximo capítulo, continuo com a sequência, e comentários, de trechos assaz interessantes do livro.

Obrigado.
Adriano.


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