Estou boquiaberta, no bom sentido, com a matéria da Flora Guedes de ontem sobre organização de casamentos.
Ela entrevistou cerimonialistas e produtoras de festas de casamento bacanas. Gente que não é "famosa", não sai em colunas sociais.
Essa foto é incrível. Casamento em Curitiba, provavelmente anos 70.
Que demais o look do noivo, de costeletas. E os detalhes - parede de madeira pintada de verde, o tradicional quadro com foto de bebê em várias poses, a cadeira vermelha que agora é objeto de desejo e custa bem caro em lojas de design, as flores de plastico colorido, a tevê antiquada. Tudo tão curitibano! Tão casa-de-polaco! Tão fofo! Criança, fui em uma festa de casamento assim. Numa casa igual, com noivos parecidos, na mesma época - e tenho a foto, muito semelhante a esta!
A menininha da foto é a entrevistada da matéria. Que virou produtora de festa de casamento!
Flora falou com pessoas que trabalham pra caramba. Fazem casamentos caros ou baratos. Podem se adequar ao orçamento dos noivos, desde os que querem gastar mais, até os que estão com a grana mais curta.
Ou seja, tem para todos os bolsos. Boa notícia.
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Sempre achei que nessa área de produção de festas e eventos, tudo é sempre muito caro, para garantir qualidade. Mudei de ideia e conheci novidades graças ao olhar da Flora sobre o tema, em texto delicioso.
Uma das entrevistadas fala sobre as enganações e desonestidades que acontecem frequentemente nesse setor.
São profissionais produtores de festa e fornecedores, mestres na arte da "embromation".
Arrancam dinheiro dos noivos ou dos donos da festa, ganham várias comissões por fora sem o contratante saber, entre outras picaretagens. Pior - acontece de entregarem muito menos em quantidade e/ou qualidade do que prometeram.
Por exemplo. Como a noiva, em pleno preparo da festa, vai contar os docinhos para ver se vieram os 1.500 que ela encomendou e pagou - e de repente, em cima da hora, descobrir que entregaram 900?
Esses picaretas, que estão por aí, se aproveitam da emoção do momento - dos noivos, dos aniversariantes, seja de quem for. Porque quem vai promover um evento pessoal grande, tipo casamento ou festa de 15 anos da filha, obviamente está comemorando algo especial.
A emoção tira a razão, fragiliza. E os desonestos se aproveitam disso.
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Em eventos corporativos também acontece.
Quando fiz assessoria de imprensa para uma empresa do setor de automóveis, deram uma grande festa e contrataram profissional do meio, conhecido e respeitado, dono de carteira de clientes corporativos de peso, para produzir o importante evento com o nome da marca.
Pois não é que o contratante, esperto, foi verificar o bufê, e descobriu que a quantidade de comida que ele havia pago - caro - e encomendado em grande quantidade, junto ao produtor da festa, havia sido entregue quase que na metade do volume estipulado.
Muita gente passou vontade e não pôde comer porque as porções acabaram - uma vergonha para a empresa dona da festa. Não sobrou comida para os convidados que chegaram um pouco mais tarde.
Constrangimento, claro. E assim por diante em outros itens contratados.
Nunca mais aquele cara vai trabalhar para essa empresa. Perdeu um clientaço, que podia ter virado cativo. Ficou mal falado nos bastidores do evento.
Ele tentou arrancar dinheiro e dar uma de esperto, de uma tacada só.
Mas, como diria Capitão Nascimento: Perdeu! Perdeu!
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A reportagem da Folha presta um belo serviço, e ainda alerta os leitores sobre picaretagens a que estamos sujeitos. Clica
aqui
pra ir na matéria.Combinou com a minha reportagem sobre nomes criados em inglês para designar atividades, ou profissões, que sempre existiram. Afinal, não se contata mais a tia boleira do bairro, e sim, uma cake designer. As duas matérias, publicadas no mesmo dia, conversam entre si e se complementam. Isso é edição bem pensada!