Descansar deve fazer parte da rotina dos atletas, tanto quanto os treinamentos. Quem afirma é Antonio Borja, membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia e especialista em Medicina do Esporte. "Excesso de atividade física, sem o devido tempo de recuperação do organismo, pode levar a uma síndrome cujo nome ainda é pouco conhecido entre os brasileiros: o over training", destaca.Falta de apetite, arritmia cardíaca e perda de peso são alguns dos sintomas apresentados.
Os atletas que exageram também correm mais risco de desenvolver lesões no sistema muscular esquelético, estresse e alterações tendinosas. "Embora acreditem que vão melhorar a performance, acabam perdendo o rendimento", alerta o médico.
Embora o over training geralmente seja observado em atletas que lidam com a grande exigência do esporte competitivo, qualquer pessoa que sofra sobrecarga física pesada, sem a devida recuperação, pode desenvolver o quadro. Pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) aponta que o número de jovens com problemas no joelho cresceu 30% na última década por conta do excesso de atividade física e do uso inadequado dos aparelhos nas academias.
O especialista explica que toda vez que a pessoa pratica uma atividade física desenvolve uma espécie de lesão. Ocorre que, ao pular o repouso, vai apresentar lesão sobre lesão. "O tempo entre um treinamento e outro depende do grau do treinamento e da capacidade física individual. Cada pessoa reage ao treino de uma forma, cada uma tem uma capacidade própria. Às vezes, o mais importante não é treinar, é descansar", afirma.
Para quem já apresenta o quadro, o ortopedista recomenda o afastamento do treinamento e o retorno de maneira gradual e progressiva. Ele também acredita que os atletas devem estar atentos aos sinais do over training para evitar o desenvolvimento da síndrome.