Desde Atlanta 96 que Robert Scheidt não sabe o que é voltar para casa sem uma medalha olímpica. De quatro em quatro anos, faz as malas e vai a algum lugar do mundo buscar uma nova. Nem a troca de classe mudou a história. Depois de dois ouros (Atlanta 96 e Atenas 2004) e uma prata (Sydney 2000) na laser, ele passou definitivamente para a star em 2005. Em Pequim 2008, mais uma prata.
Ele agora está a uma do recordista brasileiro, Torben Grael, que tem cinco. Aos 35 anos, sabe que o esporte que pratica o permite projetar um bom futuro ainda. "Mas uma coisa de cada vez. Ontem amanhecemos em oitavo e o dia foi bom. Hoje, fomos com tudo. Agora é comemorar primeiro", despista. Mas no fundo, o 'Alemão', como é conhecido pelos companheiros, sabe que vai continuar na ativa. "Acho que ainda tenho um ciclo olímpico pela frente, até Londres 2012", contou.
Tanto tempo num nível tão alto faz de Scheidt um nome de ponta no esporte. Dá a impressão de que é só botar o barco na água e correr pro abraço. "Não é assim também. Mas muita coisa eu trouxe da laser. É um barco que te dá uma sensibilidade muito grande. Como dizemos, ele dá boa mão. Porque é muito sensível, então ensina a comandar bem. De vez em quando ainda velejo de laser como exercício", contou.
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Mas vai se manter na star, garante. "Não mudei de classe para pular fora logo depois. E a star te dá uma longevidade muito grande. Na verdade, acho que é tranqüilo de encarar mais um ciclo olímpico. Embora o vigor físico dela seja um fator cada vez mais determinante de desempenho. Aqui, por exemplo, foi difícil bater os caras de 30, 31 anos." Mas ele vai adiante na classe atual. Com os ensinamentos da anterior devidamente adaptados. "É um barco mais pesado, duas velas, quilha. Ele admite menos erros que a laser. Porque é mais pesado, as manobras são mais demoradas. Na laser você consegue corrigir rapidamente um movimento. Na star é mais complicado".
Mas deu tudo certo no final. Para o velho lobo do mar, barcos ainda são apenas barcos. Não importa como sejam seus cascos e velas. O que importa é melhorar cada vez mais. E ele sempre acha que pode melhorar. "Ah, claro. Dá para evoluir muito. Principalmente largada e vento fraco". Ninguém é medalhista quatro Jogos Olímpicos em seqüência à toa.