Os estrangeiros que se encontram em Pequim para acompanhar os Jogos Olímpicos enfrentam um problema sério de comunicação, pois o inglês é um idioma de muita pouca difusão na China e são muito poucos os turistas que têm uma noção elementar do difícil idioma local, o mandarim.
Mesmo com os esforços das autoridades locais para tentar melhorar esse contratempo - com a implantação de cursos intensivos de inglês para os voluntários, os taxistas e funcionários de estabelecimento comerciais nativos -, os chineses acabaram tendo de virar na hora da comunicação, seja através dos gestos tradicionais ou utilização de uma nova forma de inglês, o curioso 'chinglish'.
"Welcome take Beijing taxi" (Bem-vindos a tomar um táxi de Pequim), uma frase incorreta, é repetida milhares de vezes por dia nas ruas e avenidas da capital chinesa, onde maioria dos taxistas não tem domínio de um inglês mais básico.
"É sua primeira visita a Pequim? De onde você vem? País bonito! Vocês gostam de fazer compras?", repete automaticamente em inglês Zhan Zhuang, um dos taxistas, ao ser perguntado sobre seus conhecimentos deste idioma.
Segundo dados oficiais, mais de 250 milhões de chineses estudam inglês, isto é, uma quinta parte da população. Mas, nas ruas de Pequim, poucos sabem realmente falá-lo.
Inclusive nos hotéis, restaurantes e outros estabelecimentos comerciais com grande clientela estrangeira, o inglês não está implantado como deveria estar.
Alguns, como Zhan Zhuang, aprenderam de cor várias frases, mas não têm condições de manter uma conversa que saia deste roteiro básico.
"Tire a roupa, por favor, e ponha este conjunto. Fique à vontade, volto em um momento", recita em um perfeito inglês uma empregada uma casa de massagem de alta categoria. Mas uma simples pergunta provoca um riso nervoso e um olhar assustado.
As informações bilíngues das lojas ou dos cardápios reservam também grandes surpresas, com apelos ou erros disparatados em inglês, como um restaurante que promete "fazer explodir seu estômago" ou outras que servem "frangos sem vida sexual" e "uma fatia de pulmão de marido e mulher".
Na internet apareceram sites dedicados ao 'chinglish', com expressões absurdas e resultados curiosos feitas pelos tradutores automáticos.
A situação pode ser divertida para os curiosos, mas para as autoridades é um dos principais quebra-cabeças. "Essas traduções assustam ou incomodam os estrangeiros e podem provocar mal-entendidos, sobretudo, sobre os hábitos alimentares da China", diz a imprensa pequinesa.
"O que causará impacto nos visitantes não serão, talvez, nossos interessantes costumes, nossa arquitetura ou nossos saborosos pratos, mas o 'chinglish' de nossos cartazes", lembrou o jornal 'China Daily' há alguns meses.
Para tentar ordenar um pouco este caos idiomático, Pequim designou vários inspetores para corrigir os textos duvidosos ou incompreensíveis.
Um manual de 170 páginas foi distribuído pelos restaurantes, com mais de 2.000 sugestões sobre nomes de pratos.