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'Um Gole de Chá', do Grupo Labirinto, é mais do que uma troca de Insultos

22 nov 2007 às 17:28

O tema já foi explorado à exaustão pela dramaturgia. Cunhou-se até uma frase - ''vamos discutir a relação'' - para ironizar e reforçar o clichê. Por isso, há um desafio colocado para o grupo Labirinto, que faz sua estréia em Londrina com uma montagem abordando justamente uma crise conjugal.

A peça ''Um Gole de Chá'' entra em cartaz hoje e prossegue até sábado na sala de espetáculos do Sesc, dentro da Jornada de Artes Cênicas promovida pela instituição. As sessões ocorrem sempre às 20h30. ''O tema não só foi, como é bastante explorado pela dramaturgia exatamente por ter um tema universal e intrínseco ao ser humano'', argumenta a autora, diretora e atriz Rosana Kali.


Segundo ela, o espetáculo tenta escapar de uma narrativa linear convencional misturando tempo real com atmosfera onírica. ''Procuramos trabalhar com o imaginário. Em alguns momentos, a platéia será surpreendida com fragmentações na construção cênica. E também não queria apenas montar um texto, mas explorar linguagens de experimentação pesquisando o jogo espacial dos corpos das duas atrizes'', completa.


O enredo traz um casal vivendo uma relação desgastada: Camilo (interpretado pela própria autora-diretora) imerso em seus sonhos e insatisfeito com a distância e as atitudes da esposa; Isabelle (protagonizada por Raquel Figueiredo) presa aos acontecimentos anteriores ao casamento. Um dia, eles se encontram tomando chá em sua sala e se surpreendem com a situação, como se ela não fizesse parte de suas rotinas.


Percebem aí que talvez nem se conheçam. As cenas evidenciam que os dois estão cansados, acomodados num relacionamento vazio de compreensão e confusos sobre seus sentimentos. No entanto são dependentes um do outro e por isso preferem evitar falar de problemas e fingir que eles não existem. Nesta noite, porém, todos os questionamentos vêm à tona.


O casal quebra o silêncio para dialogar sobre a relação, sobre suas vidas e sobre o mundo em que vivem. Ele a julga uma mulher indiscreta, ela o acusa de ser um covarde e arrastar sua vida como um objeto sem valor. De acordo com Rosana, mais do que uma troca de insultos, ''o texto apresenta questões filosóficas sobre a existência utilizando-se de humor, ironia e poesia''.


Sobre o fato de encarnar o papel do homem na peça, ela salienta que foi uma escolha normal. ''Todos nós temos um lado masculino e um feminino. É só uma questão de interpretação, bastando a uma atriz dar ênfase para seu lado masculino''. O personagem, na verdade, seria da atriz Vivi Nogueira, que não pôde participar das apresentações por estar atarefada com compromissos acadêmicos. Vivi é estudante de Ciências Sociais. Rosana e Raquel são alunas do curso de artes cênicas da UEL.

Serviço:
Espetáculo teatral ''Um gole de chá'', com o grupo Labirinto

Datas: de 22 a 24 de novembro (quinta-feira a sábado)
Horário: 20h30
Local: Sala de Espetáculos do Sesc
Endereço: R. Fernando de Noronha, 264 (Londrina - PR)
Ingressos: R$ 3 (comerciário) e R$ 6 (não-comerciário)
Telefone para informações: (43) 3378-7829


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