Para quem enfrentou horas de fila, desorganização, sol quente e o descaramento dos adeptos da ''lei de Gerson'' naquela caótica segunda-feira de janeiro atrás de um ingresso, está chegando a hora da compensação. O U2 desembarca sábado em São Paulo para tomar o Estádio do Morumbi com o bem-sucedido show da turnê Vertigo na segunda (quando a rede Globo transmite ao vivo) e na terça.
Como todos os interessados já sabem, os ingressos estão esgotados desde o primeiro dia de venda para cada noite. Mas várias empresas, entre elas sites, emissoras de rádio e até um pub irlandês entraram numa espiral de promoções para premiar alguns sortudos com convites para os shows.
A Rádio Eldorado FM vai divulgar hoje no programa ''Trilhas e Tons'' (às 17 horas) o nome do contemplado que poderá ir de helicóptero para o estádio o com o respectivo acompanhante.
Cena de cinema, que de certa forma tem relação com o clima de ''Missão: Impossível'' (por acaso o baixista Adam Clayton e o baterista Larry Mullen Jr. compuseram o tema do filme) que costuma cercar a vinda da banda. Da primeira vez em que os irlandeses estiveram aqui - com a turnê PopMart em 1998 - também houve muita confusão, desde o congestionamento do trânsito no Rio até o prejuízo de um empresário local.
Se as situações se repetem, mas o grau de exigência de Bono e sua trupe parece maior do que da outra vez, em compensação, o show é também melhor. É um showzaço, visual e musicalmente. Pelo menos é o que se nota no ótimo DVD da turnê (''Vertigo 2005/U2 Live from Chicago''), relançado pela Universal esta semana em nova versão, agora com dois discos. As novidades são um documentário sobre os bastidores do show e tomadas alternativas de alguns números com imagens captadas por câmera de luz infravermelho.
Como dizem os envolvidos na produção, o show sofre constante transformação, mas o núcleo do repertório não muda muito. Por onde passa, Bono diz ou canta algo relacionado ao lugar, a título de homenagem. Sábado passado no México, interpretou o tradicional tema local ''Cielito Lindo'', cafona, por supuesto, que aqui virou clichê de Réveillon com o título de ''Está Chegando a Hora''.
A gente já está acostumado com esse tipo de bizarrice (afora as garotas de ''Ipanima'', já deu para se divertir com Belle & Sebastian em ''A Minha Menina', Arcade Fire em ''Aquarela do Brasil'', etc.), mas vamos ver o que nos aguarda.
Com ênfase no álbum ''How to Dismantle an Atomic Bomb'' (2004), o show equilibra novas e boas canções, como ''Vertigo'', ''Sometimes You Can’t Make it on Your Own'' e ''Yahweh'', com hits e lados B de seus álbuns clássicos ''War'', ''The Joshua Tree'', ''Boy''. Tem também canções de ''All That You Can’t Leave Behind'' (2000), o álbum que representou a saudável retomada do rock depois da frustrada tentativa de enveredar pela eletrônica em Pop.
No croqui divulgado pela produção, o cenário que o U2 traz para São Paulo é ligeiramente diferente do que aparece no DVD. O detalhe está na passarela circular que fica à frente do palco e por onde Bono deita e rola, dança, chupa o polegar, discursa e brinca com o público cara a cara. Ah, e é bom lembrar que o show de abertura é do sensacional Franz Ferdinand. De quarteto em quarteto, fevereiro ferve.