Na última vez que o The Magic Numbers viajou para o Brasil, durante o Cultura Inglesa Festival de 2013, a banda preparava-se para lançar seu mais recente trabalho, "Alias", de 2014. Naquela época, eles levaram ao palco do Memorial da América Latina algumas das canções daquele álbum. Três anos depois, o grupo, que faz apresentação única no próximo dia 16, no Cine Joia, chegam ao País em circunstâncias bem parecidas, com novidades.
Sua passagem pelo Brasil não será somente para trazer a turnê do atual "Alias". Antes de embarcar para a América Latina - onde eles também participarão do Personal Fest, nos dias 22 e 23 de outubro, em Buenos Aires, na Argentina -, o quarteto britânico está novamente junto na produção de um álbum, com lançamento previsto para março do ano que vem. E, assim como em 2013, as novas músicas estarão no palco de São Paulo.
Foi justamente em meio a essa rotina de gravações no estúdio em Londres que o vocalista Romeo Stodart contou à reportagem, por telefone, sobre esse trabalho, que pretende ser diferente dos anteriores. "É um disco bem mais rock’n’roll, com mais guitarra. E muitas das canções que compomos falam sobre 'outsiders'."
Leia mais:
Chico Buarque assina manifesto em defesa do padre Júlio, alvo de CPI
Men of the Year: Dr. JONES elege Péricles como homem atemporal em categoria inédita
Jonas Brothers anunciam único show em São Paulo em abril de 2024
Guinness confirma que Taylor Swift fez a turnê mais lucrativa da história
Por sinal, desde "Alias", as duplas de irmãos Romeo & Michele Stodart e Sean & Angela Gannon parecem ter pretensões de tomar outros rumos na música. Gravado em um momento que Romeo definiu como mais "sombrio" de sua vida, "Alias" já apontava para certas experimentações da banda, em faixas como "Shot in the Dark", o primeiro single do disco, ou na dançante "E.N.D." - que soa quase como uma balada da era Disco com sua referência à música "Teardrops", da dupla dos anos 1980 Womack & Womack.
Após 14 anos de carreira, é quase inevitável que a maturidade influenciasse, de alguma forma, a banda. "Quando nós olhamos para trás, havia algo mais naïf e um certo entusiasmo que ainda temos e gostamos. Acho que o diferente agora é que, com o tempo, você quer se desafiar mais, como tentar coisas diferentes, gravar de outras maneiras ou tocar com outros artistas." A guitarra, como Romeo já citou, tem ganhado mais atenção e as composições buscado inspiração em outras fontes, fora dos dramas dos relacionamentos amorosos - que, vale lembrar, foram responsáveis por alavancar o seu sucesso na primeira metade dos anos 2000.
"Sempre teremos uma referência ao amor, mas, sinceramente, neste novo álbum, estou tomando cuidado para não compor somente sobre relacionamentos. Queremos tentar algo diferente." E muito disso está ligado à sua vida pessoal. "Eu estou em um relacionamento feliz agora. Loucamente apaixonado. As coisas andam ótimas, sabe?", brinca.
Seja pelos laços familiares ou por certa sintonia da banda, o relacionamento do grupo não se abalou uma década depois. Pelo contrário, as brigas diminuíram e eles ganharam certa independência para seguir projetos individuais. Há um tempo, por exemplo, Michele Stodart investe em shows solo pela Europa, o que lhe rendeu, em julho, o disco "Pieces". Enquanto isso, seu irmão também anda ocupado na produção de um álbum com a cantora inglesa Ren Harvieu.
Apesar das novas fases e novos projetos, o grupo não poderia se desvincular tão facilmente do passado nem mesmo pretende desconsiderar como começou sua carreira. A influência folk, a simpatia no palco e as canções mais românticas dos três primeiros álbuns continuam como uma referência sobre a banda entre os fãs, principalmente quando se fala do seu disco homônimo de estreia, lançado em 2005.
Segundo Romeo, aquelas canções são quase obrigatórias em turnês, tanto para fãs antigos quanto para os mais jovens. "As pessoas esperam ouvi-las. E nós nos sentimos realmente abençoados com essa interação dos fãs com nossos primeiros trabalhos. Ainda amamos ver a reação do público quando tocamos Love me Like You ou Forever Lost", assume.
Brasil
The Magic Numbers esteve aqui apenas duas vezes. Mas a ligação com os brasileiros está além dessas poucas visitas. Durante as comemorações dos 70 anos de Caetano Veloso, em 2012, artistas nacionais e internacionais homenagearam o cantor no álbum "A Tribute to Caetano". Admirador do trabalho do Caetano, o grupo colaborou com o tributo na faixa "You Don’t Know Me". A música chegou a ser interpretada no seu último show em São Paulo, com participação especial de Marcelo Jeneci.
"Não consigo acreditar que faz tanto tempo que fomos aí", lamenta Romeo. Apesar do tempo, eles voltam de uma maneira especial. Tanto em 2013 quanto em 2007, eles dividiram o palco com outras bandas na programação de festivais. Desta vez, será a primeira apresentação do grupo sozinho, em um show próprio, o que pode abrir certas perspectivas. "Quando você toca assim, é possível mostrar as diferentes faces da banda. Dá para ser muito mais dinâmico", diz Romeo, animado. E, ao que tudo indica, a banda tem várias 'faces' novas para mostrar ao público brasileiro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
THE MAGIC NUMBERS
Cine Joia. Pça. Carlos Gomes, 82, Liberdade, tel. (011) 3101-1305. 16/10, 19h. R$ 260/R$ 360 (R$ 130/R$ 180, meia-entrada e com doação de 1 kg de alimento não perecível).