A vontade de responder às dificuldades encontradas pelas mulheres não apenas no universo do rap e hip hop levou a MC Amanda Mora, 30, lançar o EP "De Volta aos 90'S". Na produção com seis faixas autorais, a MC conta sua chegada à Londrina nos anos 90 vinda de São Paulo, além de mesclar sentimentos, cotidiano feminino, vivências e toda referência musical que carrega.
Com a intenção de trazer de volta a sonoridade dos anos 1990, o disco combina a influência musical que Amanda More teve do pai na infância e a inspiração que tem das mulheres à sua volta. "O boombap e o rnb dos anos 90 foi o que mais me inspirou para compor o Ep todo, e as referências da época como, Lauryn Hill, Brandy, QueenLaTifah, Mary J Blige e Missy Eliotti", conta a MC. Veja o vídeo de apresentação da produção:
O interesse de Amanda pelo estilo musical veio através de um projeto social de uma igreja que pretendia levar a cultura hip hop para presídios femininos, centros de recuperação e periferias. Hoje, com 10 anos de história dentro do rap Amanda fala de suas inspirações. "Eu comecei no rap 2010 e ver minha coroa bem, minhas amigas prosperando, superando cada luta diária sendo mulher em uma sociedade que oprime e silencia todas nós é a minha inspiração".
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No início da carreia, a MC permaneceu cinco anos no grupo Prova Viva Rap, até entrar para o conservatório de música de Itajaí-SC onde começou a estudar música. Em 2017 Amanda recebeu o convite de uma gravadora independente para fazer parte do time. Lá ela fez parceria com outras gravadoras e gravou mixtapes.
O "De Volta aos 90'S" é o primeiro álbum solo da MC, mas, até chegar aqui a caminhada foi difícil e o principal obstáculo, segundo a MC, é o machismo. Amanda conta que as mulheres são as últimas a serem envolvidas quando o assunto é projeto para o rap e cultura. Ela conta que já passou por diversas situações de descriminação por ser mulher na música. "A situação é crítica com os homens no rap, muitos te chamam só para o refrão, perguntam 'você quer rimar ou fazer meu refrão?', ou até falam da letra e querem escrever pra você e não te ensinar como fazer melhor", desabafou.
Segundo a MC, mulheres têm muito preconceito com outras mulheres dentro do rap e a rivalidade feminina é um problema tão grande quanto o machismo. Problema que não pode ser reproduzido para que o rap feminino seja valorizado. "Enfrentei e ainda enfrento muitas dificuldades. Não é fácil, mas a vontade de responder é tão grande que acabei fazendo esse EP”, afirmou.
Para o vídeo de apresentação do EP foi criada uma faixa especial com a mixagem e os scratches do Dj Abú (@dj_abu), do Rio Grande do Sul, e a capa do álbum é criação de Thiagu Agu (@thiagu_agu). O disco é produção da gravadora Modus Operandi (@modusoperandi777) e conta com as faixas: "Dane-se", "Baby", "Ruas da ZO", "Partida", "Fora da Lei" e "Old School". Confira o álbum na íntegra aqui.
*Sob supervisão de Fernanda Circhia