Eles passaram três meses viajando pela América Latina antes de lancar o novo CD, "Balaio de Menina", o primeiro gravado através da Lei Municipal de Incentivo à Cultura. A experiência parece ter dado novo gás aos rapazes do Trio Quintina, que no mês de maio fazem uma série de shows para divulgar seu terceiro disco. Muito bem aceito pelo público, este trio formado por Fabiano Silveira e pelos irmãos Gabriel e Gustavo Schwartz conquistou um lugar de destaque na noite curitibana pelas performances instrumentais e vocais de seus shows. As músicas (cantadas pelos três) são quase acústicas. O violão é protagonista, enquanto percussão e sopros ficam de coadjuvantes.
A primeira apresentação de "Balaio de Menina" aconteceu nos dias 19 e 20 de abril no Teatro Paiol, onde eles não desapontaram as dezenas de pessoas que lotaram as cadeiras e até o chão do teatro para conhecer as 15 musicas inéditas do álbum. A apresentação contou com participações especiais de Leandro Teixeira na percussão e flauta, Juca Bala no baixo e Xanda (parceira de Naina) nos vocais. Os próximos shows - Era Só O Que Faltava (04 de maio), Jonny Peppers (10 de maio) e Aoca (11 de maio) - serão um pouco diferentes, pois devem mesclar músicas de discos anteriores e deixar de lado as faixas mais lentas do novo disco.
"Balaio de Menina" traz as influencias que marcam a carreira do grupo desde o primeiro trabalho, "A Caixinha Mágica", de 1999, e que ficam ainda mais evidentes no segundo disco, "Ao Vivo Puro", de 2001, um álbum duplo gravado ao vivo somente com releituras de Noel Rosa, Cartola, Secos e Molhados, Chico Buarque, Alceu Valenca, entre outros. Ou seja, o "balaio" inclui muito samba, MPB e forró.
O carro chefe é a musica "Me Deixe". Com uma roupagem pop, é uma daquelas músicas que você ouve uma vez e mais tarde se pega cantando a letra. Tiziu e Xanda se revezam nos vocais, numa espécie de diálogo safadinho. A música tem apenas duas estrofes - como um bom hit deve ser - mas nem por isso torna-se uma baladinha fútil. "Me Deixa" tem, além de uma letra ingênua, uma canção nos moldes do tradicional "jeito quintina" de compor e tocar, que inclui a utilização de instrumentos diversos - do clarinete ao pandeiro.
Já a faixa "Samba das Mulhé" é como aquelas gostosas canções de Adoniram Barbosa, que falam do duo básico do universo masculino: mulher e futebol. Na contramão da malandragem, está "Sebastião", que tem algo do clássico "Construção", de Chico Buarque, já que conta história de um homem simples, que representa as mazelas sociais de um povo, e o seu fim trágico. O interessante desta música é a composição - um animado forrozinho - que contrasta com a letra pesada. O romantismo é outra constante do disco. Neste quesito, destaque para a meiga "Um Coração" e para as faixas "Se você Quer" e "Sapo Boi".
A banda convocou um time de profissionais bem requisitados em Curitiba para trabalhar no CD. Vicente Ribeiro ficou encarregado da produção. O projeto gráfico é assinado por Paola Faoro (que já havia mostrado bons serviços no encarte do CD "Guarnicê", do Grupo Mundaréu), enquanto as fotografias do encarte foram feitas por Gilson Camargo. O disco ainda traz as participações de Boldrini, Glauco Solter e Vina Lacerda. O resultado do trabalho desta trupe é um CD delicioso, que agrada até quem não é fã de música popular brasileira.