Notícias

Morre o sambista Wilson das Neves

28 ago 2017 às 10:48

Heráclito das Neves viu seu garoto saindo das bermudas de sua Império Serrano para se lançar como baterista engravatado de orquestras e gafieiras nos anos de 1950 com certa preocupação. O menino era bom, mas precisava colocar os pés no chão, deixar de se sentir o abre alas. "Meu filho, senta aqui.

O negócio é o seguinte: não se ache nada não, sabe por quê? O importante nessa vida não é você, mas o que você faz." O pai matava a charada da vida, reconheceria Wilson Das Neves anos depois, mas havia algo naquele caso específico que não deixaria o ditado vingar. Além de querer o baterista de maior elegância do pedaço, o mundo também gostava de ficar perto do homem.


Wilson das Neves se foi na noite de sábado (26), aos 81 anos. Ele estava internado em um hospital da Ilha do Governador, tratando de um câncer. Seu enterro será nesta segunda-feira, 28, às 10h, no Cemitério Jardim da Saudade. As reações imediatas à sua partida refletem seu tamanho. "Nosso profundo sentimento com a passagem de Wilson das Neves, um dos mais importantes músicos brasileiros", Zeca Pagodinho.


"Acabo de sair do palco e de receber a notícia sobre meu amado Wilson das Neves", Elza Soares. "Dia triste. Foi-se Wilson das Neves", Fernando Meirelles. "Não há palavras para descrever o que representa a partida de Wilson das Neves. Sorte a nossa, de ter ouvido seus ensinamentos", Teresa Cristina.


Das Neves era, dos bateristas de sua geração, o mais elegante e mais sofisticado. Não foi Milton Banana nem Edison Machado porque sua história era outra. Das Neves não queria sua bateria destacando-se em alto relevo, como seus contemporâneos do samba-jazz. Seu suingue de volume na frequência perfeita contagiava baixistas dos mais hiperativos, que se viam obrigados a operar na mesma humildade.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


Continue lendo