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Lugar de mulher é na batalha! Conheça a trajetória de MC Cleópatra

29 out 2020 às 16:22

As batalhas de rima são um braço do rap e o responsável por cantar essa poesia em forma de rima é o Mestre de Cerimônia, mais conhecido como MC. Ligia Braga, 18, mora em Londrina e é MC de batalha há pouco mais de um ano. Durante as batalhas, ela é chamada de MC Cleópatra e já participou de diversas competições.


As batalhas de rima são encontros de hip hop onde os MCS batalham entre si com rimas improvisadas que podem ser a capela, sem som, ou com um beat, que é a batida tocada por um DJ. As batalhas de rima surgiram em 1970 nos subúrbios de Nova York enquanto o hip hop dava seus primeiros passos. Elas também são conhecidas como batalhas de MC e duelo de freestyle.



No Brasil, essas competições chegaram ao país em meados de 1990. A MC Cleópatra começou a ter contato com o rap quando era bem nova, depois de entrar em um projeto de circo da cidade que tinha muita ligação com o universo do hip-hop. "O rap é o primeiro estilo musical que eu me identifiquei. Ele não era uma coisa que meus pais e irmãos ouviam. Foi a minha primeira afirmação cultural em relação à música”, contou a MC.



Além das batalhas de rima, MC Cleópatra passou a produzir músicas profissionalmente este ano. Junto com outras MC’s da cidade, lançou seu primeiro rap gravado em estúdio. Ela explica que o rap é um instrumento de contestação na sociedade e é um alerta para a desigualdade. "Uma das coisas mais lindas que eu vejo os MC’s fazendo é conseguir falar algo por outra pessoa. Quando a pessoa ouve e se identifica, sabe que o MC está falando algo por ela, ela se identifica e sabe que não está sozinha”, desabafou Ligia. Mesmo não tendo apoio de patrocinadores, a MC deseja continuar produzindo músicas.


Instagram/@ligiabraga_cpt


Mulheres passam por diversas dificuldades na sociedade por conta do machismo e no universo das batalhas de rima não é diferente. Ligia Braga passou por obstáculos desde o começo de se auto afirmar no rap e nas competições. "Se você vai bater de frente com um cara na batalha, fisicamente ele é mais alto, tem a voz mais grossa, tem mais tempo de batalha, então você já se sente acuada, isso foi uma coisa muito forte, até hoje em dia sinto isso, mas é muito menos”, desabafou a MC.


Segundo a MC, é importante que as mulheres marquem presença nas batalhas para reforçar que o rap é um instrumento de contestação de diversas minorias. "O rap nunca pode deixar de carregar as dores das pessoas que não tem condições, nunca se pode deixar de mostrar que essas dores ainda doem para tantas pessoas”, afirmou. Em Londrina, as batalhas de rima conquistam cada vez mais espaço e revelam diversos MC’s a cada ano.


*Sob supervisão de Fernanda Circhia


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