Aos primeiros momentos de audição de ''Idioma Morto'', último trabalho da paulista Ludovic (favor não confundir com Ludov), a banda apresenta de imediato seu estilo: ritmo frenético de guitarras e bateria, clima claustrofóbico, um vocal que se alterna do soturno ao furioso, com letras perturbadas e intensas. O resultado são 40 minutos de música visceral e nervosa, que andava escassa no rock produzido no Brasil.
No último ano que se encerrou, o álbum figurou em diversas listas de melhores da crítica especializada, causando curiosidade em muitos que não os conheciam, especialmente fora do estado de São Paulo, onde estava concentrada sua agenda de shows. E são neles em que o culto ao Ludovic começa, graças às suas apresentações incendiárias e intensas. Mostram técnica e presença de palco notáveis, com destaque maior para o vocalista Jair Naves, muitas vezes comparado a um Ian Curtis dos porões brasileiros.
A música feita por Jair (voz), Eduardo Praça (guitarra), Ezekiel Underwood (guitarra), Fábio Sant'anna (baixo) e Júlio Santos (bateria) não é óbvia, o que complica na hora de classificá-la. Os selos que lançaram seus discos (Travolta e Teenage In a Box) dão uma pista, pois seus catálogos são direcionados ao lado B do punk, mas há mais influências. As confessas são Sonic Youth, Patti Smith, Joy Division, Mission of Burma e Fellini. Também remetem ao rock de vanguarda dos 80's, como Hojerizah, Patife Band e Vzyadoq Moe.
Jair Naves escreveu todas as letras, nitidamente inspiradas em experiências pessoais frustradas, sonhos perturbadores, golpes aplicados pela vida, entre outros assuntos recorrentes em consultório de psicanalista. Exprimem uma energia até então reprimida, mas que foi liberada (com fúria) através da música. Uma trilha sonora ideal para ler os quadrinhos da fase depressiva de Lourenço Mutarelli. Vale citar que o álbum anterior, ''Servil'', de 2004, ainda está disponível.
Serviço:
- O disco ''Idioma Morto'' pode ser adquirido através do site da banda: www.ludovic.com.br.