O Lollapalooza que começa na próxima sexta-feira (24), em São Paulo, está mais voltado do que nunca ao público jovem, tendo na estrela pop Billie Eilish sua principal atração. Isso porque Drake, outro dos grandes nomes trazidos pelo festival, ao contrário de Eilish, já tocou antes no Brasil, e o outro headliner originalmente anunciado, o Blink-182, teve seu show cancelado.
O trio americano de pop punk era o principal artista da escalação do evento, já que é um dos nomes fundamentais da música feita nos anos 2000 e influência para várias atrações do Lollapalooza. Conhecido desde os anos 1990, o Blink-182 nunca fez um show no Brasil, e é uma das bandas de rock mais aguardadas por aqui -não à toa, os ingressos para o sábado foram os únicos que chegaram a esgotar, ainda que tenham voltado a ficar disponíveis após os pedidos de reembolso.
O cancelamento do show, feito porque o baterista Travis Barker sofreu uma lesão na mão, caiu como uma bomba no Lollapalooza, que escalou o Twenty One Pilots para o horário que ficou vago. O duo, que faz uma espécie de pop multifacetado, até bebe na fonte da banda que substitui, mas não está exatamente nas playlists de quem é fã do Blink-182.
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Com o Blink-182, o Lollapalooza tinha tudo para ter a cara do revival pop punk e emo que vem ganhando força nos últimos anos, mas, além da banda, outra das principais atrações que representam esse movimento, Willow, também cancelou seu show. E eles não foram os únicos -Dominic Fike, conhecido pelo papel na série "Euphoria", o duo de pop experimental 100 Gecs e o cantor Omar Apollo, que recentemente concorreu com Anitta ao Grammy de artista revelação, também cancelaram suas vindas.
Esses cancelamentos não são novidade para o Lollapalooza. Em 2015, Marina and the Diamonds não se apresentou no festival, apesar de escalada, assim como Snoop Dogg em 2016, e Tyler the Creator em 2018, entre outros casos. No ano passado, o Foo Fighters, um dos headliners do festival, não subiu ao palco porque seu baterista, Taylor Hawkins, morreu dias antes do show.
Mas apesar das ausências, o Lollapalooza de 2023 também solidifica algumas tendências em sua escalação. Uma delas é a inversão de prioridades do que era a cara do festival há cerca de dez anos, quando desembarcou em São Paulo para suas primeiras edições.
Se antes o público se via entre dilemas do tipo assistir a New Order ou a Arcade Fire, que tocaram na mesma hora na edição de 2014, agora a concorrência é menor. Os nomes de maior apelo não estão no miolo, mas no topo da escalação, entre eles Billie Eilish, Drake, Tame Impala, Lil Nas X, Rosalía, Kali Uchis, Tove Lo e The 1975.
Eilish, uma das cantoras mais incensadas da música americana, tem um gogó poderoso, além de repertório já consagrado, e pode fazer uma estreia memorável. É o caso de Lil Nas X, rei dos memes e afeito a fazer brincadeiras com fãs brasileiros na internet, pode conquistar pelo carisma em seu primeiro show por aqui.
Drake fez shows de menos de uma hora de duração nas últimas edições do Chile e da Argentina do Lollapalooza, o que pode ser um mau sinal para os brasileiros, já que sua apresentação tem duração prevista de uma hora. No Rock in Rio de 2019, estreia do rapper -um dos artistas mais populares da música ao redor do mundo na última década- no Brasil, ele cantou por mais de uma hora, apesar da chuva torrencial naquele dia.
O Tame Impala, já veterano no festival, volta com seu indie psicodélico que arrasta multidões. Tove Lo pode triunfar com seu pop seguro. The 1975 vai tentar impressionar pelo show performático e energético. Kali Uchis aposta num pop latino bem feito e cheio de sensualidade. Rosalía já mostrou que pode estar entre as grandes no ano passado, quando estreou no Brasil com show em São Paulo de seu arrojado álbum "Motomami".
Mais cedo, há uma diversidade de artistas e gêneros, com um apelo evidente para a geração Z -que compreende pessoas de até 20 e poucos anos. Há nomes do indie com números altos no streaming, mas fora do radar da imprensa daqui e do exterior, casos do Mother Mother e o Wallows, que tocam no palco principal.
Com exceção da sensação jovem americana Lil Nas X, o rap é majoritariamente representado por nomes brasileiros -do veterano fluminense Black Alien a gigantes do trap carioca, como Filipe Ret e L7nnon, além de Baco Exu do Blues e Rashid. Artistas nacionais como Ludmilla, Paralamas do Sucesso, Pitty e Anavitória surgem com certo destaque na programação.
O miolo do festival também vai ter artistas pop -como Melanie Martinez, Aurora e Sofi Tukker-, bandas de rock para um público um pouco mais velho -com Rise Against, Jane's Addiction e a estreia do Modest Mouse no Brasil-, gente que flerta com o pop punk e o emo -como Hot Milk e Yungblud-, além de cantores mais conhecidos por serem famosos na internet ou terem alguma relação com séries de TV de apelo adolescente.
Nesta última seara, se destacam Suki Waterhouse, atriz de "Daisy Jones & The Six", além de namorada do ator Robert Pattinson, Conan Gray, que fez trilha-sonora para "Riverdale", e o guitarrista da banda Wallows, que foi protagonista de "13 Reasons Why", além de Dominic Fike, de "Euphoria" -ele, no entanto, teve seu show cancelado.
O Lollapalooza conta com o desempenho de seus headliners para sair na frente da concorrência no primeiro ano em que disputa público com outros dois megafestivais de música em São Paulo -e que agora ocupam, todos os três, o Autódromo de Interlagos. Além do Primavera Sound, que chegou à cidade no ano passado, o The Town, dos mesmos produtores do Rock in Rio, já está agendado para o segundo semestre.