A apresentação é intimista e o repertório, amplo, com um pouco de cada um de seus discos. Dois anos depois de passar pelo Brasil com a turnê do álbum Tudo, lançado em 2014, Bebel Gilberto volta ao País com o show inédito Bebel Gilberto Trio, que estreou em Belo Horizonte, nos dias 8 e 9, e chega nesta sexta-feira, 14, a São Paulo, no Teatro J. Safra. "É um show novo, com músicos novos, Marcelo Costa na bateria e percussão e Bernardo Bosíssio no violão, que ensaiamos no Rio", diz Bebel. "O repertório é basicamente o mesmo que eu apresentei na turnê que acabei de fazer pela Ásia e Oceania agora em março, mas com arranjos um pouco diferentes."
Americana de nascença e carioca de coração, a cantora e compositora, de 50 anos, conseguiu superar a barreira de ser filha de dois importantes nomes da música brasileira, João Gilberto e Miúcha, e criar a própria identidade musical, bebendo em fontes mais familiares, como a bossa, mas também no pop. Várias de suas músicas já entraram em trilhas sonoras de filmes, mas ela tem suas predileções. "O Samba da Bênção em Comer, Amar e Rezar e minha participação em Rio foram demais!"
Por causa de seu mais recente disco, Tudo, Bebel foi indicada para o Grammy Latino, de 2015, na categoria melhor música brasileira, pela faixa-título, parceria dele e de Adriana Calcanhotto. "É sempre muito bom (receber indicação), mas eu digo que ganhar teria sido melhor (risos)." Em entrevista, por e-mail, ela fala mais sobre o novo show, o amigo Cazuza e o pai, o recluso João Gilberto.
Como surgiu a ideia do Bebel Gilberto Trio?
Venho fazendo esse show com outros músicos fora do Brasil desde o final da turnê de Tudo. É um show que apresenta um pouco de todos os meus trabalhos e que estou adorando fazer! E o público tem recebido de uma forma muito calorosa, cantando junto comigo o show inteiro. Tem sido uma alegria poder me apresentar assim de uma forma tão íntima, tão próxima deles. Os shows de Belo Horizonte foram lindos! E tenho certeza de que em São Paulo, onde eu não me apresento há dois anos, não será diferente.
Como foi a escolha do repertório para esse show acústico? Tem algo inédito?
De inédito, tem uma música nova que estarei lançando no verão da Europa, como o meu novo single, Creep, do Radiohead.
Quais dessas músicas são escolhas afetivas?
Na verdade, todas, mas tenho um carinho especial pelo Creep, que é meu "new baby", e também por Tudo, Momento e a versão que eu faço de Harvest Moon do Neil Young.
Qual o prazer de fazer um show assim, mais intimista?
É uma delícia. O show acontece o tempo todo em um contato bem próximo com o público, que responde à minha entrega de uma forma muito amorosa. Cantam comigo, falam do repertório, parece que a gente está na sala da minha casa cantando junto! E com o participação luxuosa desses dois músicos incríveis, Bernardo Bosissio e Marcelo Costa.
Você disse em uma entrevista que o Rio ficou sem graça após a morte de Cazuza e, por isso, você voltou para Nova York. Você, vez por outra, posta no seu Instagram fotos suas com o Cazuza. Você lembra dele todos os dias?
O Caju era minha alma gêmea. Lembro dele todos os dias, à toa ou em alguma situação em que imagino a reação dele. Em especial, ele está comigo todas as vezes em que subo no palco. Não só com as músicas que fizemos juntos, como Mais Feliz e Eu Preciso Dizer Que te Amo, que também estão no repertório desse show, mas no encontro com a música e o público.
Você mora há mais de 20 anos nos EUA. Como é viver lá nesse início de era Trump? Como você sente o clima no país?
Tenho achado tudo um horror!! Muita tensão, uma tristeza grande. Mas ainda bem que eu viajo muito. Este ano, por exemplo, não consegui ainda passar mais do que duas semanas em casa!
Em 2015, você postou fotos de seu pai, João Gilberto, também nas suas redes sociais. Como ele está? Ainda compondo e tocando?
Meu pai está ótimo e toca todos os dias, quase o dia todo. Quando nos encontramos aqui no Brasil, é uma delícia. E a gente canta muito junto.
Seu pai está envolvido em algum projeto musical, como chegaram a noticiar?
Isso eu vou preferir que você pergunte para ele. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.