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Bandas curitibanas se unem ao "Pop Rock Instantâneo"

05 jan 2002 às 15:13

Curitiba – A pop art foi um fenômeno que ganhou as galerias de arte no final de 1950 e 1960. O americano Andy Warhol apareceu como símbolo do movimento, apesar dos trabalhos excepcionais de artistas plásticos como Roy Lichtenstein, Claes Oldenburg, Robert Indiana e George Segal. O estilo lidava com ícones da cultura popular como o hambúrger, lata de sopa, pinguim, sinal de trânsito e tiras de quadrinhos.

Em Curitiba, artistas ligados à cultura popular estão se rebelando contra a tendência que tenta transformar a cidade em um pólo de arte underground. Mas essa união não congrega artistas plástico como se pode pensar. O movimento reúne músicos e apenas chupou a idéia desenvolvida por Warhol e seus companheiros de pincel. Até o símbolo adotado pelos camaradas pops puxa o trem da pop art: o da Sopa Campbell, de Warhol. A frase que define a turma é ‘Pop Rock Instantâneo’.


O porta-voz é o guitarrista Carlos Viralobos, do grupo Cartoon. ‘As bandas pops curitibanas estão cansadas da ditadura das alternativas. Hoje nossa cidade só tem espaço para grupos covers ou que tenham um som calcado no punk rock, guitar, noise ou psychobilly. Outros estilos estão banidos da cena noturna’, explica.


A idéia do ‘pop rock instantâneo’ é recuperar o espaço para as bandas com músicas próprias e que toquem canções pops, mas com assinaturas próprias. ‘Bandas como Cartoon, Mosha, Los Cuervos, Sofia, Plêiade e Mamelucos Orbitais estão fora do esquemão por não seguirem os padrões da moda musical. Queremos independência ou morte’.


Os integrantes do ‘Pop Rock Instantâneo’ consideram pop a banda que deseja entrar no mercado fonográfico. Não que necessariamente faça o som do momento, mas que tenha ambições de conquistar o mercado brasileiro usando todas as mídias disponíveis: clipes, site na internet, mp3, jornais, revistas. Ter uma postura profissional é fundamental. O importante é a personalidade.


O projeto deu os primeiros passos em dezembro, no porão do Hermes Bar, com a banda Los Cuervos. O conceito do movimento retorna amanhã com o show da Sofia, marcado pontualmente para começar às 22 horas. Mas a casa abre às 20 horas com um DJ convidado, também ligado a cultura pop e tocando os grandes sucessos dos 60 aos 90.


A celebração deve prosseguir ao longo do ano e a intenção é atingir outros locais da capital e do interior, mas que ofereçam estrutura semelhante ao do Hermes. Viralobos, que toca dia 29 no local, com a Cartoon, confessa que os músicos não querem chamar atenção para seus trabalhos. ‘Estamos mais interessados em difundir a cultura pop, que sofre uma série de preconceitos aqui no Paraná. Por isso queremos semanalmente fazer uma comemoração a cultura pop, no qual a banda é apenas um ingrediente’.


O Sofia abre o projeto em 2002. Formada no final de 2000 após a morte e o enterro da Loaded por Edson Ramos, que emprestou a voz e empunhou o violão. Depois chegaram Emerson Macedo (guitarra) e Norman Spengler (baixo). No início a bateria eletrônica segurava o ritmo, hoje Júnior (ex-Dive/UV Ray) é o responsável pela cozinha.

A principal marca do grupo curitibano é a personalidade. Além de ser pop, o Sofia flerta com dissonância, minimalismo e o destaque é o senso melódico. As músicas têm um estranho pano de fundo. As mensagem são completadas utilizando-se tapes pré-arranjados a partir de narrativas e programações com ruídos extraídos de contextos diversos.


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