Depois de abordar o feminismo em suas músicas, agora Beyoncé levantou as questões raciais em seu novo single, "Formation". O clipe aborda, entre outras coisas, a maneira como a população negra de Nova Orleans sofreu com o furacão Katrina em 2005, além de reverenciar os protestos do movimento "Black Lives Matter" e o líder negro Malcom X, responsável pela aprovação da Lei de Direitos Civis que proibia a segregação racial e o linchamento dos negros.
A cantora, que nasceu no Texas e tem pais vindos da Louisiana e do Alabama, dois estados do sul marcados pelo passado escravocrata, teve a intenção de denunciar o racismo nos Estados Unidos e a violência das autoridades contra as comunidades negras e periféricas. O que não deu muito certo, já que agora ela está sendo alvo de duras críticas, inclusive de policiais e políticos, e tem até ameaça de boicote.
O "Black Lives Matter" é um movimento que começou em 2012 após o assassino de Trayvon Martin, George Zimmerman ser inocentado pelo crime que cometeu. Desde lá, a organização vem tentando lutar por justiça nos diversos casos que aconteceram nos EUA envolvendo policiais brancos e jovens negros.
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No clipe de "Formation", uma criança aparece dançando para policiais enquanto a mensagem "Parem de atirar na gente" é mostrada na tela. Outra cena que chama atenção é a de um homem lendo um jornal com Martin Luther King na capa e a manchete "Mais do que um sonhador", em referência ao famoso discurso "I Have a Dream".
Além da letra da canção e do videoclipe, a cantora criou uma polêmica ainda maior durante sua apresentação no Super Bowl 50, quando também fez diversas referências as questões raciais. Assistida por mais de 114 milhões de pessoas, a performance da estrela contou com roupas que remetiam à organização Panteras Negras, fundada em 1966 para proteger moradores dos guetos negros da Califórnia contra a brutalidade policial, e, mais uma vez, fez menção à Malcom X, quando as dançarinas formaram um X no gramado. A mensagem "Acredite no amor" encerrou o show.
Segundo relatórios divulgados pelo Washington Examiner, oficiais da polícia chegaram a desligar seus televisores durante o Halftime Show do Super Bowl para não ouvir a canção sobre o tema. No Facebook, membros da Associação Nacional dos Xerifes disseram ter baixado o volume e virado as costas para a televisão no momento da apresentação.
O ex-prefeito de Nova York, Rudolph Giuliani, também criticou a performance. "Foi revoltante ela usar o show como uma plataforma para atacar policiais que são as pessoas que a protegem e nos protegem, nos mantêm vivos. E o que deveríamos estar fazendo pela comunidade de afro-americanos e todas as comunidades é dar respeito aos policiais. E nos concentrarmos no fato de que quando alguém faz algo errado, okay. Trabalharemos nisso. Mas a maioria dos policiais arriscam as suas vidas para nos manter seguros".
O partido Republicano dos Estados Unidos também se manifestou. "Beyoncé pode ser uma entertainer talentosa, mas ninguém devia ligar para ela ou para o que ela pensa sobre questões sérias de nossa nação, ao contrário da aceitação desse clipe pró-Panteras Negras e anti-polícia pela mídia, quando são os homens e mulheres em azul que colocam suas vidas em risco por todos nós e merecem nosso apoio incondicional", disse o comunicado assinado pelo congressista Peter King.
Jim Karygiannis, político canadense, também criticou duramente Beyoncé. Em entrevista ao "The Sun", ele declarou que a cantora deveria ser impedida de se apresentar no Canadá no próximo 25 de maio com sua turnê "Formation". "Talvez o Ministro John McCallum deva investigá-la primeiro. Se alguém usa aquele tipo de vestimentas e apoia um grupo de raciais, essa pessoa não pode ser bem-vinda no país, não há sombra de dúvidas disso", afirmou.
A página oficial da cantora no Facebook têm diversos comentários afirmando que ela não teria propriedade para discutir racismo por ser uma celebridade rica que só está atrás de atenção. A resposta de Beyoncé já está na própria letra de "Formation": "Ganhei esse dinheiro todo, mas nunca abandonei minhas raízes".
Assista ao clipe legendado:
(Com informações do Hugo Gloss)