Atalanta, na mitologia grega é uma das Abantíades que significa que possui origem diretamente de Abas ou Abantes, antepassado de Perseu e o 12º rei de Argos que subiu ao trono em 1383 a.C., foi o fundador da cidade de Abas, na Fócida, atual região central da Grécia.
O mito de Atalanta, ora se encontra ligado às lendas da Arcádia, ora às lendas da Beócia.
Conta-se que seu pai, desejando apenas filhos homens, abandona a recém nascida Atalanta no Monte Partênio. Desde então, protegida pela deusa Ártemis, foi alimentada por uma ursa e, posteriormente, recolhida e criada por caçadores.
A pequena menina, protegida de Ártemis, tornou-se uma bela mulher e exímia caçadora. Todos dizem que, de tão ágil, poderia competir com o deus Hermes, o mais rápido do Olimpo.
Sua capacidade de conquista era imensa e sua fama chegou aos ouvidos de seu pai que, arrependido e orgulhoso dos feitos da filha, a trouxe de volta ao seu convívio.
Porém, na consulta ao oráculo, o seu destino foi assim revelado: "Não se case Atalanta, por que o casamento será a sua ruína".
Diante da revelação, a jovem, decidiu permanecer virgem e passou a se dedicar exclusivamente às práticas da caça e aos exercícios físicos.
No entanto, o número de pretendentes era crescente e Atalanta, a ágil caçadora, se esquivava. Até que impôs, então, um desafio que a livrasse das perseguições: aquele que pretendia com ela se casar deveria enfrentá-la em uma corrida. Se ganhasse levaria o prêmio, se acaso perdesse, morreria.
Mesmo diante de condição tão perigosa e cruel, muitos se arriscaram e foram mortos pela lança de Atalanta.
Um jovem de nome Hipomenes, geralmente era o juiz nessas corridas até que um dia, ao ver o corpo nu de Atalanta que se trocava para uma das disputas, compreendeu sua beleza e foi-lhe possível ver também que ao correr, o belo em Atalanta, se mostrava ainda mais irresistível. Agora, também ele queria o inestimável prêmio.
Atalanta se comoveu com o seu pedido e quase desejou perder. Sua juventude e beleza a instigava e atraia.
A deusa do amor, Afrodite, percebeu o olhar de Hipomenes, de modo que, assim que ele solicitou ajuda à deusa, esta lhe veio prontamente. Trouxe-lhe três maçãs de ouro, frutos de seu próprio jardim. Disse-lhe que Atalanta seria atraída por cada uma delas e desse modo, ele ganharia a corrida.
Eles corriam com a leveza dos deuses e se via que ambos se compraziam pela audaciosa corrida de um e de outro.
Num dado momento, Hipomenes deixa cair uma das maçãs de ouro, Atalanta pára sua corrida e a admira. Hipomenes ganha vantagem. Imediatamente, Atalanta se esforça e o ultrapassa. Ele lança ao chão uma outra maçã de ouro e novamente Atalanta se vira para admirá-la e Hipomenes a ultrapassa. Mas, Atalanta percebe rapidamente o seu erro e num ímpeto veloz o alcança.
Hipomenes já está sem fôlego, mas elevando aos céus uma oração a Afrodite joga para o lado a última maçã. Atalanta que pensava em não mais parar, não teve a menor resistência e num impulso olhou para o lado diminuindo sua marcha.
Tarde demais para qualquer arrependimento por ter sucumbido ao brilho dourado da derradeira maçã. Hipomenes a venceu.
Todos que assistiam vibravam de contentamento e os amantes, enfim, se enredaram na teia da paixão e na felicidade singular própria do amor.
Nesse momento afrodisíaco em que os enamorados vivem somente para si mesmos, o mundo ao redor pára ou nem mesmo existe, de modo que se esqueceram de homenagear Afrodite.
Diante da ingratidão do casal, Afrodite os colocou numa armadilha os induzindo a fazer sexo no santuário da deusa Réia, a Grande Mãe, esposa de Cronos e símbolo da Terra.
Não perdoando a ofensa de Atalanta e Hipomenes, Réia tira-lhes a forma humana e os metamorfoseia, respectivamente, em leoa e leão. E assim são atrelados ao carro da deusa para sempre.
PERSPECTIVA JUNGUIANA
Primeiramente, sabemos que Atalanta vem de uma nobre linhagem, o que significa que a personagem arquetípica possui potência em termos de categoria de força, do mesmo modo acontece quando no mito ou lenda, a personagem é uma princesa. A categoria de força aqui não se dá pela classe social, mas indica uma força de potência enquanto imagem de apresentação, sugestionando a visão daquele que vê e significando que o arquétipo é nobre.
Atalanta, como a maioria dos heróis, torna-se uma órfã. A orfandade indica que a personagem encarna um poder dos instintos e uma originalidade que não se encontra em sua família de origem. É abandonada pelo pai e nunca se ouviu falar de sua mãe e nem mesmo de sua influência na vida da menina.
De onde se depreende que possui uma mãe ausente e um pai que a rejeita por ser mulher.
Em muitos casos, o mito de Atalanta se encontra ligado às mulheres que cresceram sem o afeto genuíno da mãe. Essa mãe ausente significa que não possibilitou à sua filha o amor materno genuíno, podendo ser uma mãe prostrada ou mãe regredida e por isso ser mais uma irmã do que mãe.
O pai, num certo sentido, também não é adequado, pois ao rejeitá-la por ser mulher pode fazer com que a criança desenvolva comportamentos masculinos, o que, em si mesmo, não compromete sua saúde psíquica. Porém, o problema está em negar sua feminilidade, ou mais especificamente, sua instância psíquica feminina para agradar e receber o amor paterno. Em segundo lugar, negar a instância psíquica feminina também ocorre por que a criança pode perceber a mãe como fraca ou devastadora, enfim, inadequada. De modo que rejeita ser semelhante e se afasta de sua própria natureza feminina.
A doença psíquica se instala exatamente por que, devido a uma situação traumática, a pessoa sofre uma cisão com os seus instintos, ocorrendo sintomas de angústia, fobias, medos, depressões, fadiga e outros.
Ao contrário do que muita gente pensa, a situação traumática pode não ser um acontecimento forte e localizado no tempo e espaço da vida do sujeito, a mais das vezes, a situação traumática remonta todo um processo que o sujeito vivenciou durante anos, como por exemplo, o que aconteceu com Atalanta: a negligência materna e a rejeição e descaso paterno.
Mesmo existindo os pais, a criança é emocional e psicologicamente órfã.
O oráculo nada mais é do que forças psíquicas em ação que se analisadas juntamente com os fatos de sua vida, irá predizer o futuro, caso não ocorra uma transformação na psique. Não é um fato desprezível saber que tanto Apolo, o deus da consciência, quanto Dionisio, o deus da inconsciência responderam no oráculo de Delfos, significando que, é possível, prever comportamentos futuros de um sujeito ao analisar aspectos conscientes e inconscientes.
Em nossa história, Atalanta precisa resgatar seus instintos da feminilidade que estão ligados à capacidade de, não simplesmente amar, mas adequadamente expressar o amor e mais que tudo aceitar e viver a alegria de se sentir amada. Receber e se deixar tocar.
Muitas mulheres, separadas de seus instintos femininos, desenvolvem uma exacerbação sexual ou mesmo preferem o sexo quase violento ou violento. Ou ainda, tornam-se insaciáveis e viciadas em sexo. Pode ocorrer também da mulher ser frígida ou buscar parceiros indiscriminadamente sem nunca sentir o prazer do orgasmo ou o prazer de troca afetiva. Todas estas situações apontam para o mesmo: essas mulheres tratam seu corpo como um objeto. Não se concedem o tempo de se entregar e nem de se sentir amada.
Atalanta entra no processo de resgate de sua feminilidade e chega ao seu ápice, porém, ao resgatar esses instintos, como ainda não está acostumada a eles, estes passam a dominá-la e por isso acaba sendo transformada em um animal, o que sinaliza que os instintos não podem ganhar, no entanto, eles não podem perder.
Se eles ganham, a pessoa pode se tornar um animal e se eles perdem a pessoa é como uma concha vazia. Essa doença psíquica varia entre os níveis da neurose e da psicose.
É natural que Atalanta se perca neles, afinal, por negá-los e reprimi-los, não teve vivências anteriores com eles, de modo que, quando surgem e são aceitos pelo ego, este não sabe bem como proceder, é necessário um bom tempo de treinamento para aprender a lidar com os instintos antes desconhecidos pelo ego.
No mito em questão, Atalanta tem como mãe uma ursa, a proteção da deusa da lua e da caça Artemis e os pais caçadores adotivos.
O arquétipo de Atalanta está ligado ao de Ártemis, e este último confere ao primeiro: visão lunar que significa perceber as sombras; a perícia e alcance às metas; virgindade que significa não se deixar penetrar psicologicamente de modo a manter sua vontade e ainda assim, não ser egoísta ou egocêntrica e primar pela liberdade.
A ursa simboliza a identificação com a classe guerreira em detrimento da classe sacerdotal. Um dos feitos de Atalanta foi derrotar um javali, que é o símbolo da classe sacerdotal. O arquétipo de Atalanta, bem como o de sua protetora Ártemis, são arquétipos essencialmente guerreiros.
Os pais adotivos são eles, também, expressão de sua identificação com a caça que não apenas lhe fornecia o alimento como perfazia todo o seu estilo de vida, podemos dizer que ao caçar, Atalanta sentia-se em casa.
Sendo a figura mais forte o pai, pelo menos por ocasião do nascimento, provavelmente a menina se identifique mais com a forma de pensar dele, inclusive como uma maneira de conseguir seu carinho, atenção ou aprovação. É o pai que inicia Atalanta no caminho da caça e é o pai que a recolhe novamente após ela provar seu valor. Se bem que para Atalanta, esse reconhecimento paterno já não faz sentido e nem influencia sua conduta.
O seu retorno à casa paterna simboliza mais o fato dela ter encontrado o seu próprio eixo, após haver sido iniciada.
No processo de individuação, muitas são as tentativas de retornar ao útero, a uma situação aconchegante onde não se tenha de haver com os próprios instintos, mas a volta mesmo só é possível quando o sujeito já encontrou o seu tesouro, seu próprio mito, seu próprio ritmo, seu próprio sentido e já reconhece que sua batalha é consigo mesmo. Aí sim, pode retornar à casa paterna, por que já não mais necessita dela como fator de dependência.
Atalanta se dedicou aos instintos guerreiros e agora Afrodite, a deusa do amor, vem cobrar o seu quinhão. Já era hora, por que Atalanta agora é uma linda jovem e desejada por muitos pretendentes.
Isso a incomoda tanto que lhes impõe um desafio fatal, só para deles se livrar.
Há quatro funções na psique. Embora distintas entre si, são todas utilizadas pelo sujeito. No entanto, ocorre que para a melhor adaptação do sujeito ao seu meio, ele eleja uma ou duas como suas principais funções. Geralmente, uma principal e uma outra chamada de função auxiliar.
São elas: pensamento e sentimento que são funções psíquicas de julgamento e intuição e sensação que são funções instintuais e de percepção.
A função pensamento julga de modo imparcial e científico. A função sentimental julga com base na subjetividade e tende a privilegiar as emoções em detrimento do desempenho. A intuição percebe através de pistas que aparentemente não possuem conexão entre si, mas que no final faz todo o sentido. A função sensação já percebe através de pistas bem ajustadas e conectadas entre si, a organização é preponderante na ocorrência da percepção sensitiva, o que não é o caso da percepção intuitiva. A percepção sensitiva está mais para a figura enquanto que a percepção intuitiva está para o fundo da figura.
De acordo com diversos estudos parece que a mulher se adapta melhor ao seu meio usando a função sentimental, mesmo por que essa é a expectativa da sociedade, enquanto que os homens se adaptam melhor através da função pensamento pelo mesmo motivo social. Atualmente esse quadro vem se modificando devido a dois fenômenos sociais: misandria e misantropia. Porém, seria fugir muito do texto abordar esse assunto nesse momento.
No entanto, tal qual Ártemis e Atalanta, muitas mulheres não seguem o padrão.
Primeiro que Atalanta se identifica com o pensamento do pai e sua iniciação ao processo de individuação é pela figura paterna e não pela materna.
Devido ao seu comportamento guerreiro e de caçadora, pode-se afirmar que Atalanta é uma pensadora com função intuitiva auxiliar por que tem a capacidade de visão lunar, ou seja, ver a figura fundo, perceber o jogo das sombras.
A função sentimental é a menos utilizada, daí que no decorrer de seu processo de individuação esta função represente a instância a ser desenvolvida pela psique.
A meta não é atingir a perfeição, mesmo por que aqueles que estão resolvidos se encontram a sete palmos, a meta é enfrentar os conteúdos de sombra, que são inconscientes e que eclodem, vez por outra e de diferentes modos, à consciência esperando ser resgatados e elaborados para não mais ser fantasmas e pesadelos para o sujeito.
Aproveitando a deixa, é isso o que se trata em psicoterapia. Conversas e bate-papos é com os amigos. Orientações espirituais e religiosas é com o pastor, o padre e o babalorixá. Confissões também. Na clínica psicológica não ocorre confissões, ocorre fatos e situações psíquicas que deverão ser trabalhadas pelo sujeito em conjunto com a orientação técnica e clínica do psicólogo com experiência vivenciada e documentada em tratamento clínico.
Para uma pessoa que se orienta através da função psíquica pensamento, é líquido e certo que terá como seu "calcanhar de Aquiles" todas as questões relacionadas à função sentimental que é justamente seu oposto.
Não foi diferente com Atalanta que desenvolveu mais a função pensamento em detrimento da sentimental. A corrida de Atalanta é a expectativa que ela tem de que seu pretendente possa alcançá-la e até derrotá-la em sua agilidade em pensar!
Para Atalanta e para as mulheres que estão ligadas a esse arquétipo, o homem se torna desejável na medida em que consegue manter um bom nível numa conversa do tipo pensamento. É isso que Atalanta quer: um homem capaz de sustentá-la em sua capacidade de uso na função pensamento. Naturalmente, um homem que esteja utilizando mais a sua função sentimental, será atravessado pela sua lança que representa seu poder verbal iluminado pelo intelecto e estará mortalmente eliminado da competição.
Atalanta prefere ficar só a estar com alguém que não lhe dê respaldo do tipo pensamento. É assim que se nutre. E também pode ser assim que escape das relações. Por que para Atalanta, o exercício da caça, ou em outras palavras, a própria produção do que quer que a realize profissionalmente lhe satisfaz. Por isso se dá o direito de escolher seu parceiro mesmo que elimine a todos.
A mulher Atalanta, no íntimo, ao conhecer alguém já está formulando o desafio: "Vamos ver se você agüenta a minha corrida." E se a pessoa a atrair, também estará pensando: "Tomara que você consiga!"
Afrodite instrui Hipomenes que se apaixonou por Atalanta assim que a viu nua.
Hipomenes era o juiz de suas corridas. Perfeitamente possível supor que ele fosse um juiz do tipo pensador, pois se fosse ele do tipo sentimental, com certeza não faria parte da equipe de Atalanta. Difere do tipo dela e aí se complementam por que se dirige mais pela função sensação. Foi o corpo que lhe chamou a atenção.
Ele não intuiu Atalanta, ele a percebeu através dos sentidos do corpo, ou seja, cheiro, tato, escuta, paladar e visão
Isso não impede de interpretar que Hipomenes a reconheceu em sua nudez. A viu como era de fato, com suas fortalezas e fraquezas. Ao percebê-la, imediatamente entendeu que deveria apelar para a deusa do amor, Afrodite. Assim o fez e saiu-se bem por ser capaz de distrair Atalanta com as maçãs de ouro dos jardins de Afrodite.
Através do pensamento também se chega ao amor. O pensador e a pensadora não são seres desprovidos do afeto. São afetivos, apenas trabalham com o afeto de modo diferente do sentimental.
Por isso que as maçãs de ouro são nascidas de uma árvore do palácio de Afrodite, fazendo parte de seu domínio e território.
Segundo Jean Chevalier e Alain Gheerbrant, em Dicionário de Símbolos, no Cântico dos Cânticos, ensina Orígenes que a maçã é a fecundidade do verbo divino. Ora ela aparece como o fruto da Árvore da Vida, representante do conhecimento que confere a imortalidade e ora ela aparece como a Árvore do conhecimento do bem e do mal onde representa o conhecimento desagregador que provoca a queda. Eles continuam dizendo que em todas as circunstâncias em que ela aparece, ela é representante arquetípica do conhecimento.
Hipomenes, em meio à corrida, distrai Atalanta com pomos do conhecimento!
Ela fica embevecida a cada hora que Hipomenes lhe oferece um fruto dourado. A cor do ouro é própria do deus Apolo, deus Sol. O deus representante da consciência, portanto, do conhecimento e clareza mental. Algo que, de fato, seduz Atalanta. Hipomenes, devido ao seu estratagema afrodisíaco, vence a corrida para deleite de Atalanta, afinal, era tudo o que ela queria para si: um homem que corresse junto e que a ultrapassasse.
Quando uma pessoa que tem como função principal o pensamento, vivencia uma relação afetiva intensa, seus conteúdos reprimidos do tipo sentimental, vem à tona e ela tem expressões sentimentalmente desproporcionais. Por outro lado, quando essa pessoa se dirige pela percepção intuitiva, o corpo é até esquecido, tem que voltar à casa para pegar algo que esqueceu, a agenda "misteriosamente" não funciona, se bate, fica com manchas roxas de batidas e nunca sabe de onde veio aquilo, esquece de comer ou de beber, às vezes, é capaz de ficar surpresa por verificar através de algum acontecimento, que tem um corpo, o contrário do sensitivo. Imagine então se, de repente, o corpo passa a fazer parte central de um dado acontecimento, como é o caso de uma relação sexual e afetiva¿
É uma experiência que, no mínimo, tem a força de virar o seu mundo de cabeça para baixo.
Enfim, Atalanta e Hipomenes se perdem nos instintos da paixão e na dança dos couros, isso é exatamente o que a deusa do amor qualifica como poder, por que então, ela os repreende por não lhe ter dado atenção¿ Afinal, o simples fato de viverem loucamente os instintos sexuais é a mais louvável oração a essa deusa.
Como é do feitio de Afrodite, mais uma vez ela lançou mão de sua capacidade alquímica, levando os amantes a se unirem no templo de Réia.
Através desse casal, Afrodite une o instinto de procriação ao instinto de força vital de Réia. Assim, elevando o casal, através de seu ardil, a mais um desafio e conquista, tornando-os, eles mesmos, o casal representante da força de vida que só pode existir nos corpos dos sujeitos e no corpo da Terra.
Afrodite, a deusa alquímica, utilizou o instinto de procriação para engendrar a vida na terra. Para sedimentar seus propósitos precisava da energia encerrada na Terra, representada por Réia.
É essa a última transformação iniciada por Afrodite e eternizada por Réia, a deusa da Terra, filha do Céu, esposa de Saturno. É chamada também de Cibele, a energia encerrada na terra, a fonte primordial e ctoniana de toda fecundidade.
Seu carro é puxado por um casal de leões, o que significa que ela domina, ordena e dirige a potência da vida.
Atalanta sozinha representa a caçadora e ágil pensadora. Atalanta acasalada representa a própria potência da vida por que agora, ela encerra em si mesma os seus opostos.
Mais uma vez, Afrodite, a deusa alquímica intercede, orienta e põe em ação as forças do processo de individuação.
Se Atalanta reconhecer conscientemente as forças que ora a domina e estabelecer com elas a devida conexão e fluxo consciente-inconsciente, então poderá se utilizar dos leões como força vital e fecunda para seu próprio caminho e domínio.
Se, no entanto, essas forças se constituírem apenas inconscientemente, para sempre ficará a mercê do poder de Réia, e uma deusa dominará sua consciência. No processo de individuação, trata de individuo mais ação, se ele sucumbir aos instintos, estará desprovido da ação consciente, e o processo ficará estagnado, até que Afrodite arme uma nova armadilha para reacender o processo alquímico da individuação.
Não se pode esquecer que os deuses têm seus próprios objetivos e isso significa que os conteúdos psíquicos possuem autonomia e eles se lançarão sobre o ego que poderá usar a experiência para si ou se tornar apenas um "papagaio" do deus que o domina.
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