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STF é aprovado por 23% no Brasil e, entre bolsonaristas, por 12%, diz Datafolha

Anna Virginia Balloussier/Folhapress
24 dez 2021 às 17:47

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- Divulgação
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Nem um presidente da República menos hostil na maior parte do tempo nem a perspectiva de entrada de um ministro terrivelmente evangélico foram capazes de afetar a imagem do STF (Supremo Tribunal Federal) perante a população. Para o bem ou para o mal.


A avaliação da mais alta instância do Judiciário brasileiro continua desfavorável aos ministros, que recentemente ganharam a companhia do pastor André Mendonça, primeiro evangélico em mais de seis décadas a desembarcar no colegiado.

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Apenas 23% dos brasileiros veem como ótimo ou bom o trabalho do STF, enquanto 37% o consideram regular, e 34%, ruim ou péssimo. Em setembro, os índices eram de 25%, 35% e 35%, respectivamente. Ou seja, houve apenas variações dentro da margem de erro, que é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

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Os dados foram coletados por pesquisa presencial do Datafolha com 3.666 pessoas de 16 anos ou mais, em 191 cidades, entre 13 e 16 de dezembro.

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A atual série do Datafolha mostra que desde julho de 2021 a má imagem do tribunal se estabilizou, sem que eventuais ataques presidenciais ao STF, e também os recuos, tenham a afetado.


A impressão negativa é maior com o eleitorado que pretende votar em Jair Bolsonaro (PL) no ano que vem. Se considerarmos apenas esse grupo, só um em cada dez entrevistados (12%) aprova o trabalho do Supremo, ante 57% que o rejeitam.

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Com os eleitores declarados de Lula (PT), a repulsa à corte cai para 24%, dez pontos percentuais abaixo da média geral. Em compensação, 30% gostam da atuação do colegiado.


O levantamento foi realizado quando Mendonça já havia sido sabatinado e aprovado por senadores, cinco meses após ser escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro. O novo integrante tomou posse na corte no dia 16 de dezembro, último dia da pesquisa de campo.

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Se não houve tempo para Mendonça mostrar serviço, sua mera chegada ocorre num cenário sem discrepâncias significativas entre a percepção do segmento evangélico (que representa 25% da amostra da pesquisa) e a do outro bloco religioso majoritário no país, o católico (49% do total). Entre o primeiro filão religioso, 35% desaprovam o tribunal. Já no segundo, 32%.


Dias antes, Bolsonaro voltou à carga contra o STF após se sentir mais uma vez encurralado pela corte. O ataque se seguiu à ordem de Alexandre de Moraes para apurar a falsa associação feita pelo presidente entre a vacina da Covid-19 e o HIV.

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Numa live em outubro, Bolsonaro leu uma suposta notícia dizendo que "vacinados estão desenvolvendo a síndrome da imunodeficiência adquirida [Aids]". Dias depois, Facebook e Instagram derrubaram o vídeo. Era fake news.


A irritação presidencial cresceu com a decisão de outro ministro constantemente em sua mira, Luís Roberto Barroso, de determinar a adoção de um passaporte para imunizados cruzarem as fronteiras do país, com amparo da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

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Bolsonaro estava longe de manter um clima camarada com o Supremo, mas o cessar-fogo transcorria sem grandes abalos desde as ameaças de matriz golpista do 7 de Setembro. Com ajuda de Michel Temer (MDB), ele lançou na ocasião uma nota atribuindo palavras "contundentes" anteriores ao "calor do momento".


Por um trimestre, diminuiu decibéis golpistas contra o STF. Em dezembro, voltou a atiçar a base bolsonarista com novos embates com os magistrados, embora ainda distante dos ataques que antecederam o feriado da Independência.


O STF já esteve em mais alta conta na população. Em maio de 2020, 30% dos brasileiros o viam com bons olhos, patamar superior aos 26% que desabonavam seu desempenho.


Um mês antes, os ministros haviam determinado que governos estaduais e municipais tinham autonomia para determinar regras de isolamento social numa pandemia ainda nova para o mundo. Sob tutela bolsonarista, o governo federal resistia a tanto. Prevaleceu o entendimento do Supremo.

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