O advogado Fábio Rodrigo Turetta, confirmado pelo prefeito eleito Tiago Amaral (PSD) como novo procurador-geral do município, responde a um processo na Justiça que apura o crime de estelionato contra uma empresa varejista que teria ocorrido entre 2011 e 2012.
A denúncia do MPPR (Ministério Público do Paraná), apresentada em 2019, alega que Turetta, à época responsável pelo setor de importações da empresa, teria solicitado “vários pagamentos indevidos, ou seja, sem que houvesse a efetiva contraprestação em mercadorias ou serviços”. O prejuízo à época seria superior a R$ 7 milhões, segundo auditoria interna feita pela empresa e citada na denúncia do MP. Outras pessoas também se tornaram réus no processo, que ainda não teve nenhuma condenação.
Assim que o advogado foi confirmado na PGM (Procuradoria-Geral do Município), o processo envolvendo a empresa e outras ações já arquivadas começaram a circular em grupos de WhatsApp e o assunto ganhou os bastidores políticos de Londrina.
Leia mais:
Ratinho Jr. se movimenta para 2026, mas esbarra em indefinição nacional do PSD
Belinati não garante sanção de aumento salarial de secretários de Tiago Amaral
Marcelo Belinati sanciona leis complementares do Plano Diretor de Londrina
Câmara pede que STF revise decisão que suspendeu emendas parlamentares
O cargo de procurador-geral é considerado central dentro do Executivo, já que a PGM representa judicial e extrajudicialmente o município, assessora a administração municipal e planeja e executa atividades jurídicas de interesse do município. Também é responsável por apurar faltas disciplinares de servidores públicos.
Em entrevista exclusiva à FOLHA, Turetta afirma que o caso tramita há mais de uma década - chegou a ser trancado pela Justiça, mas foi reaberto após a nova denúncia do MP e não avançou desde então. O advogado também nega qualquer irregularidade na sua atuação profissional.
“Essa empresa quis se lançar no mercado internacional e eu prestei assessoria durante um ano para esse processo de compras internacionais. Esse é um procedimento que, como qualquer negócio internacional, envolve determinado nível de risco. Nós começamos a realizar compras de determinados produtos em determinados países, para que a empresa pudesse se desenvolver”, afirma Turetta, que cita a oscilação de câmbio do Brasil como um dos motivos para a “redução de lucros da empresa”.
O advogado diz que as operações de compra e venda eram realizadas entre as empresas, e que atuava apenas como um intermediário, não sendo um responsável direto.
“A empresa se sentiu no direito de mover uma ação, fazer uma denúncia, o inquérito durou dez anos e foi trancado por falta de provas. Durante dez anos, a equipe que investigou procurou provas e não encontrou”, relata. “Mesmo assim, em uma situação bastante peculiar, foi aberto e foi feita a denúncia. Esse processo está correndo há cinco anos e até hoje não ocorreu nem a primeira audiência.”
Turetta diz ter “plena convicção” de que o caso será julgado improcedente, por já ter ocorrido uma decisão judicial pelo trancamento. Recentemente, um habeas corpus anulou um conjunto de provas que a acusação estava tentando juntar ao processo. “E não há irregularidade. Há um prejuízo comum do mercado internacional que eles atribuem a mim, mas isso não faz uma verdade processual, não é uma realidade.”
O advogado afirma que todas as ações que ele ou suas empresas responderam, à exceção do caso envolvendo a empresa moveleira, estão resolvidas na Justiça.
“O que tem hoje vivo, que é um fato, é esse, não podemos fingir que não acontece ou não existe. Mas apesar de estar em trânsito há mais de uma década, é uma discussão bastante primária, porque não houve nem uma audiência preliminar. Teve uma intimação para oferecer defesa”, reforça.
A denúncia apresentada pelo MPPR em 2019 não trouxe a indicação das testemunhas, movimento que ocorreu apenas em 2023 e que acabou sendo anulado pelo TJ-PR. Outro questionamento da defesa de Turetta é o fato de vários documentos terem sido apresentados após a denúncia - alguns, em língua estrangeira.
Questionado se o fato de ainda responder a esse processo é um empecilho para assumir a Procuradoria-Geral, Turetta é enfático ao dizer que não.
“Primeiro, porque tenho convicção absoluta da nulidade desse processo. E eu tenho convicção absoluta que meu trabalho e minha idoneidade falam por mim”, citando sua atuação como presidente da Casa do Bom Samaritano, em Londrina. Antes, ele foi nomeado interventor da entidade pela Justiça. “O MP tem fiscalizado a nossa atuação”.
O prefeito eleito Tiago Amaral não quis comentar o assunto.
Leia também: