Política

PMDB protocola pedido de impeachment de Lerner

18 mai 2001 às 16:54

A bancada estadual do PMDB cumpriu a ameaça e protocolou pedido de impeachment do governador Jaime Lerner (PFL), na Assembléia Legislativa. A denúncia recebeu o número 5042 no setor de protocolo e está assinada pelo senador Roberto Requião, presidente do partido no Paraná e candidato à sucessão estadual em 2002.

Com o objetivo de processar Lerner por crime de responsabilidade, Requião embasou o pedido nas denúncias de escutas telefônicas ilegais. Gerson Guelmann, secretário chefe de gabinete do governador, admitiu a jornalistas que, na campanha de 1998, jornais do PMDB foram apreendidos graças a um grampo. Guelmann disse, no entanto, que recebeu a fita de "um desconhecido".


Requião sustenta que o partido foi gravemente prejudicado pela "arapongagem" e reclama que, além dos comitês eleitorais, seu telefone residencial em Curitiba foi grampeado.


No último dia 4, Requião provocou o adversário político. "O senhor Jaime Lerner tem dez dias para refletir e limpar as gavetas. Senão pedimos o impedimento dele", cutucou o senador.


Nereu Moura, líder do PMDB na Assembléia Legislativa, acredita que a escuta ilegal fez com que o partido perdesse a chance de chegar ao Palácio Iguaçu, em 98. "O Lerner fez 52% dos votos e o Requião 46%. É uma margem pequena e os grampos tiveram impacto no resultado", reclamou.


Moura disse que o Estado está "ingovernável", tanto financeira quanto politicamente. "O Lerner não tem mais condições de chefiar o Executivo. O Paraná está literalmente sem rumo e o pior é que ainda falta um ano e meio de governo. Se não tirarmos ele agora, será uma tragédia para o povo paranaense".


O pedido obedecerá ao trâmite previsto no Regimento Interno. Deve ser encaminhado à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) - presidida por um antigo aliado ao governo, o pefelista Basílio Zanusso. A Assembléia tem que conceder prazo para o governador apresentar defesa e, posteriormente, o impeachment terá que passar pelo crivo dos 54 deputados. A maioria dos deputados é governista.


O líder do PMDB invocou outros motivos para sustentar a cassação do mandato de Lerner, como o aumento da dívida do Estado (que teria saltado de R$ 1,4 bilhão em janeiro de 1995 para cerca de R$ 15 bilhões hoje, apesar da Secretaria da Fazenda divulgar que a cifra é de R$ 7,5 bilhões), os gastos com os Jogos Mundiais da Natureza, a privatização do Banestado.

Leia mais em reportagem de Maria Duarte, na Folha do Paraná/Folha de Londrina deste sábado


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