Política

Planalto suspende posse de Cristiane Brasil até decisão liminar ser derrubada

09 jan 2018 às 17:15

Antes do horário marcado para a cerimônia de posse da deputada Cristiane Brasil como ministra do Trabalho, que estava agendada para as 15h, e com o impasse judicial sobre o tema, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência informou que a posse está "suspensa até decisão judicial liminar ser derrubada".

No Palácio do Planalto, o Salão Nobre já estava organizado para receber o evento, mas não há movimentação de convidados como de costume. Auxiliares dizem que o presidente não vai desrespeitar a Justiça e que não há "plano B" e o governo, pelo menos até o momento, não pensa em substituir a indicação da filha de Roberto Jefferson para a pasta.


Segundo auxiliares, o governo não pediu outro nome ao PTB e aguarda a decisão do TRF "confiante" de que conseguirá empossar a nova ministra.


O presidente do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), desembargador federal André Fontes, se declarou suspeito ao analisar recurso da Advocacia-Geral da União (AGU) à decisão do juiz federal Leonardo da Costa Couceiro, da 4ª Vara Federal de Niterói (RJ), que suspendeu a nomeação e a cerimônia de posse da deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ) como nova ministra do Trabalho do governo Michel Temer. No Planalto, segundo uma fonte próxima ao presidente, a expectativa é que o governo consiga derrubar a liminar até o fim do dia.


A deputada Cristiane Brasil afirmou na tarde desta terça-feira (9) que não há a possibilidade de ela desistir do cargo. Ela disse que, em reunião com o presidente Michel Temer mais cedo no Palácio do Planalto, eles decidiram que vão aguardar julgamento pelo Supremo Tribunal Federal (STF) do recurso que o governo apresentará contra as decisões que suspenderam sua nomeação.


"Não é uma possibilidade", declarou, ao ser questionada se poderá desistir do cargo. Segundo ela, Temer não pediu para ela desistir do posto durante a reunião nesta terça-feira, da qual o presidente do PTB, o ex-deputado Roberto Jefferson, pai da deputada, também participou. "Foi o contrário", afirmou. Cristiane negou também que, durante o encontro, eles tenham discutido um novo nome para o cargo, caso ela seja impedida. "Vamos esperar o STF (Supremo Tribunal Federal)", declarou.


Mesmo com a indefinição sobre a posse, alguns convidados para a cerimônia que seria às 15h chegaram ao Palácio do Planalto, mas não foram autorizados a subir. Prefeito do município de Levy Gasparian (RJ), Valter Lavinas, do PTB, disse que acreditaria que o governo derrubaria a liminar que impedia a posse e que continuaria em Brasília pelo menos até amanhã para tentar participar da cerimônia.


Outro prefeito fluminense, reduto eleitoral de Cristiane e seu pai Roberto Jefferson, Jauldo Neto (PHS), prefeito de Engenheiro Paulo de Frontin (RJ) disse que não via nenhum "dispositivo legal" que impeça a deputada de assumir o cargo e minimizou os problemas de Cristiane Brasil com a Justiça do Trabalho.


"Você deve ter empregada. A gente corre risco todos os dias, a gente não sabe o que passa na cabeça do ser humano. Às vezes a pessoa que você mais ajuda é a que mais te decepciona", afirmou à reportagem. Segundo Jauldo Neto, os problemas judiciais de Cristiane são muito pequenos. "Se fosse um roubo, mas uma dívida trabalhista, que ela já está pagando", reclamou, argumentando que quando alguém já começa a quitar uma dívida no banco, por exemplo, a pessoa já deixa de ser considerado inadimplente.

O deputado Altineu Cortes (PMDB-RJ) também foi um dos que chegou ao Planalto para a posse, que não aconteceu. "Se a posse não for hoje eu espero que aconteça amanhã", disse. Convidado como um amigo da família de Petrópolis, o presidente do Sindicato Nacional das Cooperativas de Crédito (SINACRED), Ricardo Blanc, afirmou à reportagem que veio "aplaudir e apoiar" a família e que, mesmo tendo previsão de retorno para o Rio de Janeiro hoje, pretende voltar a Brasília em qualquer dia que a posse for remarcada. "Se for amanhã, eu volto amanhã", afirmou.


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