A pretexto de requerer ''especial atenção na segurança de Londrina'' ao que considera uma postura ''inerte'' do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) no desempenho da função, o vereador Joel Garcia (PDT) encaminhou ofício ao delegado-geral adjunto da Polícia Civil no Paraná, Alcimar de Almeida Garret, no qual solicita o retorno imedito dos policiais às respectivas corporações.
A medida se refere aos quatro policiais civis (um delegado, uma escrivã e dois investigadores) e aos seis policiais militares (um capitão, um tenente, um sargento, dois cabos e um soldado) que compõem o grupo, o qual, na prática, atua como uma força-tarefa em conjunto com o Ministério Público Estadual (MP) - que, em Londrina, delegou dois promotores para os trabalhos.
O ofício do pedetista, ao qual a FOLHA teve acesso, foi encaminhado do gabinete do parlamentar, na Câmara de Londrina, em papel timbrado. O documento é datado de 23 de abril, praticamente um mês após a soltura de Joel, decorrente de uma investigação por suposto crime de peculato feita justamente pelo Gaeco.
No pedido ao delegado-geral, Joel faz menção diferenciada ao delegado do Gaeco na cidade, Alan Flore, o qual, na avaliação do pedetista, ''não vem desempenhando a contento da população tal função, uma vez que este serviço de inteligência não fez apreensões nem de entorpecentes, e nem de ninguém envolvido com o crime organizado''. Crimes como roubo e latrocínio que, para o vereador, estão aumentando, são ''relacionados ao crime organizado'', ao passo que o Gaeco, ''inerte'' a eles, centralizaria não apenas o serviço de inteligência (P2) da PM, assim como ''os melhores policiais civis''.
Rebatendo
O delegado se disse surpreso com a manifestação do vereador, inclusive pelo fato de Joel ter se manifestado em nome de população. Flore rebateu com números de 2008 a 2010 a uma suposta inatividade do Gaeco: citou que em 2008 foram 333 presos por tráfico de drogas, 357 ano passado e este ano, até abril, 124 pessoas, na cidade; em 2009 e 2010, só o Gaeco efetuou 39 dessas prisões, ''grande parte delas integrantes de organizações criminosas que praticam o tráfico em larga escala''.
O delegado apontou ainda que, além de tráfico, o Gaeco investigou e prendeu ''criminosos mais perniciosos e nocivos à sociedade, como traficantes, assaltantes, homicidas e agentes públicos suspeitos de corrupção''.
Seguindo o exemplo
O vereador Joel Garcia parece estar seguindo o exemplo da Assembleia Legislativa do Paraná, que depois de "devassada" pelo Ministério Público, que investiga o escândalo dos funcionários fantasmas, apresentou proposta para impedir que o Ministério Público atue em conjunto com as polícias civil e militar.
Trata-se de uma proposta de emenda à Constituição do Paraná, cujo nome dos autores não é conhecido.
Para a OAB, que defende a atuação do Ministério Público, é "no mínimo curioso" que a PEC tenha sid apresentada após a prisão de ex-diretores da Assembleia.