Política

Grampos: Empresário nega ter contratado escutas

15 mai 2001 às 17:12

O empresário Naum Galperin disse aos integrantes da Comissão Especial de Investigações (CEI) que contratou os serviços da empresa Defense para fazer trabalho de varredura e verificar se existiam grampos telefônicos em sua empresa, a Delta Distribuidora de Petróleo.

O cabo Luiz Antonio Jordão, que na época trabalhava na Casa Militar, foi uma das pessoas que teriam prestado o serviço. A Comissão Especial foi criada pelo Palácio Iguaçu para apurar oficialmente as denúncias de escutas clandestinas no governo.


A ligação entre Galperin e o cabo Jordão veio a público quando a Polícia Civil prendeu em flagrante o técnico em telefonia da GVT João Batista Cordeiro fazendo grampo telefônico na Ocidental, uma distribuidora de combustíveis de Araucária (Região Metropolitana de Curitiba). A empresa é concorrente direta de Naum Galperin.


Para a comissão, o empresário afirmou que solicitou apenas os serviços de varredura. "Ele disse que está em um ramo muito competitivo e que havia uma pendência judicial grande envolvendo a empresa, por isso contratou o serviço, mas não teria solicitado a instalação de nenhuma escuta", disse o Secretário de Segurança José Tavares, após o depoimento. Tavares preside a comissão.


O empresário não quis fazer declarações públicas. Para Tavares, o depoimento de Galperin confirma que não havia nenhum envolvimento da Casa Militar nas atividades ilícitas de escuta. "Tudo indica que essas pessoas estavam fazendo trabalhos particulares, sem o conhecimento de seus superiores". Galperin informou a comissão que pagou R$ 2.000,00 pelo serviço de varredura em sua empresa.


Antes de Galperin, a CEI ouviu o depoimento do coronel da Polícia Militar, Reinaldo Hamilton Machado. Ele foi chefe da Divisão de Segurança da Casa Militar entre 1995 e 1997, quando era o superior imediato do cabo Jordão. Machado foi citado pelo cabo Jordão em um de seus depoimentos, porque ambos teriam encontrado uma sala no Palácio Iguaçu com equipamentos telefônicos.


O coronel confirmou a existência da sala. Ela fica no 4º andar do Palácio Iguaçu, mas disse que a sala não guarda nenhum segredo. "É uma pequena sala de 3 metros quadrados onde está o armário da central telefônica do Palácio Iguaçu. Não existia nenhuma aparelho para interceptação de ligações nela."


Segundo Machado, a Divisão de Segurança tomou cuidados especiais com a sala em 1995, quando a antiga central telefônica do Palácio Iguaçu foi substituída por uma central digital.


Entre 1995 e 1997 as varreduras no sistema de telefonia do Palácio Iguaçu foram realizadas por um coronel da PM de São Paulo. "Esse coronel possuia os equipamentos necessários para o serviço e não cobrou nada do governo para fazer a varredura aqui", explicou Machado.


Hoje a comissão pretende ouvir o ex-diretor da Telepar Brasil Telecom, João Luis Rego Barros, que teria comandado a varredura na Secretaria de Administração em outubro de 1999 e descoberto o grampo no gabinete da ex-secretária Maria Elisa Paciornik.

Leia mais sobre o assunto na Folha do Paraná/Folha de Londrina desta quarta-feira


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