Em depoimento à CPI da Petrobras, o executivo da Toyo Setal Augusto Mendonça Neto revelou aos parlamentares que o esquema de corrupção da estatal começou no final da década de 90 - a partir de 1997 até os dias atuais - em uma ação conjunta entre as diretorias de Abastecimento e de Serviços. "Não podemos imaginar que uma companhia como esta, organizada e competente, pudesse ter um esquema como essas duas diretorias montaram', afirmou.
O executivo, delator do esquema de corrupção na estatal, disse que sempre foi contrário ao modelo de corrupção implantado na Petrobras. "Acabamos entrando nisso por adesão. Era um sistema que existia", explicou.
Augusto Mendonça Neto falou ainda que foi apresentado ao ex-diretor de Abastecimento, Paulo Roberto Costa, por meio do ex-deputado José Janene (PP). Ele apontou Costa, o ex-diretor de Serviços Renato Duque e o ex-gerente da área Pedro Barusco como responsáveis pelo esquema de corrupção na estatal. Duque, indicado pelo PT para o cargo, é alvo da investigação por suspeita de corrupção passiva, formação de organização criminosa e lavagem de dinheiro. Barusco era seu braço direito.
"São as pessoas que eu sei que estavam envolvidas e que faziam a relação com os empresários", afirmou. Ele afirmou que Janene o apresentou a Costa "exigindo pagamento de comissão". "O único contato com corrupção foi através destas pessoas. Antes disso, nunca soube de nada", declarou. Janene, réu do mensalão e que morreu em 2010, foi responsável pela indicação de Costa para a diretoria de Abastecimento da estatal, em 2004.
Ao comentar o depoimento de Barusco à CPI, Mendonça concordou que a corrupção era generalizada, mas só dentro da Diretoria de Serviços. "Ele tem razão em um sentido, de fato, dentro da Diretoria de Serviços (a corrupção) era generalizada. Eles queriam aplicar em todos os contratos", enfatizou. Ele negou que a corrupção fosse generalizada em toda a Petrobras.