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Entenda as pautas defendidas

Disputa entre Lula e Bolsonaro divide novas deputadas indígenas

Ansa Brasil
26 out 2022 às 17:00

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Deputadas Sônia Guajajara (esquerda) e Silvia Waiãpi (direita) - WikiCummons
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Em meio à disparada do desmatamento na Amazônia durante o governo de Jair Bolsonaro, os indígenas terão a partir de 2023 a maior bancada de sua história na Câmara dos Deputados.


Célia Xakriabá (Psol), Juliana Cardoso (PT), Silvia Waiãpi (PL) e Sônia Guajajara (Psol) chegarão ao Congresso em fevereiro do ano que vem para representar os povos nativos do Brasil, confirmando também a predominância feminina entre as lideranças políticas indígenas.

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"A gente já teve representação no Congresso, mas agora vamos chegar com uma representação articulada pelo movimento indígena", diz à ANSA Sônia Guajajara, eleita deputada por São Paulo com 157 mil votos e já candidata a vice-presidente na chapa de Guilherme Boulos em 2018.

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Sua candidatura e a de Célia Xakriabá foram organizadas pela Associação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e pela Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga), entidades que se opõem ao governo Bolsonaro.


"Nós, os povos indígenas, somos 5% da população do mundo e protegemos em torno de 83% da biodiversidade. Nem sempre quem é o maior está fazendo o melhor", diz Xacriabá, eleita por Minas Gerais com pouco mais de 100 mil votos.

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A prioridade número 1 das duas novas deputadas será defender a retomada da demarcação de terras indígenas, processo paralisado por Bolsonaro e que depende do poder Executivo para avançar.


"Nós temos 27 processos de demarcação de terras indígenas totalmente concluídos e que não têm nenhum impedimento. São processos que estão lá e que a gente já está retomando para reapresentar ao novo governo", afirma Guajajara, ressaltando que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se comprometeu com essa pauta e com a proibição do garimpo em áreas demarcadas.

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Ainda assim, a deputada eleita já prevê algumas decepções em caso de vitória do petista, que acena com um governo de união nacional e mais direcionado para o centro. "É certeza que vamos ter muitas frustrações, sei que essas alianças são necessárias, principalmente para superar os desafios que estão impostos agora para derrotar Bolsonaro, mas não vamos entregar de qualquer jeito, não vamos abrir mão de forma alguma daquilo em que a gente acredita", acrescenta Guajajara.


Tanto ela quanto Xacriabá elogiam a proposta de Lula de criar o Ministério dos Povos Originários e colocar uma liderança indígena para chefiá-lo, mas miram além. "Também queremos ocupar os ministérios do Meio Ambiente, da Educação, da Cultura, porque estamos preparadas", afirma a deputada eleita por MG.

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Indígena bolsonarista


Se, por um lado, Guajajara e Xakriabá não podem sequer pensar na possibilidade de vitória de Bolsonaro, Silvia Waiãpi, eleita deputada pelo Amapá com 5,4 mil votos, é apoiadora do presidente e garante que ele "não quer desmatar" a Amazônia.

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Militar de carreira, Waiãpi conheceu Bolsonaro no hospital do Exército em que ela trabalhava e diz que o mandatário sempre defendeu que os indígenas "tivessem autonomia e a possibilidade de ser donos de seus próprios destinos".


"Eu passei a entender que ele não queria nada de ruim. Ele entende, assim como eu, que indígenas são tão inteligentes e capazes quanto qualquer cidadão comum", conta a deputada eleita.

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Segundo Waiãpi, os povos nativos precisam "entender e dominar a cultura do não-indígena" para conseguir sobreviver. "Sou uma mulher da Amazônia, mulher da floresta. Sei o modo de vida daquele povo e o quão grande é a dificuldade de viver na Amazônia brasileira, então defenderei o desenvolvimento econômico desses povos", afirma a deputada eleita.


Para ela, os críticos do desmatamento da Amazônia - que entre janeiro e setembro acumula crescimento de 80% sobre igual período de 2019, primeiro ano de governo Bolsonaro, segundo o instituto Imazon - são pessoas que "vivem no ar condicionado" e não conhecem as dificuldades do povo da floresta.


"Reduzir o desmatamento da Amazônia a zero é um pauta para quem e para quê? Para interesses internacionais ou a favor do povo que vive ali dentro? O povo da floresta quer ter acesso e viver no século 21", conclui.

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