Parte das divisórias de madeira usadas pelo comitê de campanha do governador Beto Richa (PSDB) em Londrina no ano passado teria sido adquirida pelo auditor fiscal Luiz Antônio de Souza, suspeito de integrar o esquema de cobrança de propina da Receita Estadual.
A informação foi revelada por ele em depoimento ao Ministério Público (MP) na última semana, após o fechamento de um acordo de delação premiada entre as duas partes. Souza disse ter gastado cerca de R$ 20 mil na compra das estruturas. "Alguém da coordenação local da campanha pediu as placas e ele deu", explicou o advogado de Souza, Eduardo Duarte Ferreira, em entrevista ao Bonde nesta segunda-feira (18), mas sem citar nomes.
Segundo ele, o MP também teria apreendido pelo menos quatro notas fiscais dos materiais adquiridos. Os documentos estariam no nome de Luiz Antônio de Souza e teriam, no espaço do local de entrega, a esquina da avenida Leste-Oeste com a rua Bahia, endereço do comitê de campanha de Beto Richa em Londrina. Um dos lotes, com valor aproximado de R$ 5 mil, teria sido entregue no local durante a campanha eleitoral de 2014. A data específica não foi informada.
Souza também disse, na bateria de depoimentos, que a campanha à reeleição de Richa recebeu cerca de R$ 2 milhões angariados pelo esquema criminoso da Receita. Nesta segunda, o advogado do auditor afirmou que outros políticos também receberam valores provenientes da cobrança de propina.
O Bonde tentou contato com o diretório estadual do PSDB nesta segunda-feira para repercutir as declarações do auditor, mas não obteve respostas. Na sexta (15), o partido divulgou uma nota refutando "de forma veemente as declarações do sr. Luiz Antonio de Souza". "O partido ressalta ainda que todas as doações para a campanha do governador Beto Richa ocorreram dentro da legalidade e foram realizadas voluntariamente, sendo registradas e atestadas pelo Comitê Financeiro. As contas foram apresentadas e aprovadas integralmente pela Justiça Eleitoral", afirmou o diretório na nota.