A Polícia Civil do Paraná prendeu, na manhã desta sexta-feira (28), em Apucarana, um homem considerado suspeito de matar a bailarina Maria Glória Poltronieri Borges, de 25 anos, no final de janeiro. Segundo Diego Almeida, delegado da divisão de Homicídios de Maringá, trata-se de Flávio Campana, 41 anos. "O laudo apontou que o material genético encontrado no corpo dela [Maria Glória] é compatível com o material do suspeito", afirmou. Almeida relatou à reportagem que Campana foi encontrado na casa da mãe, no centro de Apucarana.
Após o exame ter dado positivo, o suspeito confessou à polícia que teve relação sexual com a vítima e ainda alegou que foi com consentimento. No entanto, desde o primeiro depoimento na delegacia de Mandaguari o homem negou que viu Maria Glória no local em que foi encontrada morta, mas conforme a polícia, existem fotos que comprovam a presença dele e outro indivíduo na cachoeira no mesmo dia que a bailarina. O suspeito também tem marcas de unhas pelo corpo. Sobre isso, a Polícia Civil acredita que houve luta corporal entre os dois.
De acordo com o delegado, a polícia ainda não descarta outras possibilidades em relação à existência de outros suspeitos. "Por ora as provas indicam apenas ele, mas ainda estamos aguardando resultados de exames de outros dois suspeitos que ainda estão em análise. Por enquanto, somente o dele deu positivo. Temos que esperar o decorrer das investigações", esclareceu. Durante pouco mais de um mês de investigações, aproximadamente 50 pessoas foram ouvidas entre familiares, amigos, testemunhas e suspeitos.
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O suspeito, segundo Almeida, já tinha uma passagem por estupro em 1998 na cidade de Apucarana. "Ele chegou a ser condenado e cumpriu pena de seis anos pelo crime. Ele também tem passagem por roubo e boletins de ocorrência registrados contra ele na lei Maria da Penha", completou o delegado.
Justiça
O pai de Magó, Maurício Borges, em entrevista à reportagem da FOLHA, afirmou que pela primeira vez em 32 dias sua família teve um alento. "Hoje foi um dia que não foi só sofrimento. Hoje, pela primeira vez, nós conseguimos respirar com um pouco mais de esperança. Conseguimos sentir pela primeira vez após 32 dias o tênue gostinho da justiça", afirmou.
"Hoje está sendo um dia especial, mas é um dia triste ainda porque tudo que aconteceu, mesmo com a prisão desse brutal assassino, não nos deixa felizes. Porque a gente sabe que a luta das mulheres continua e a gente ainda sabe que até o final do próximo mês muitas mulheres ainda vão morrer em decorrência de violência, do feminicídio e do machismo. Então, o dia de hoje, por mais inspirador que tenha sido, ainda assim mostra que ainda há muito a ser feito", apontou.
O crime
Magó, como era conhecida entre os amigos, foi encontrada morta no dia 26 de janeiro deste ano, perto de uma cachoeira, em Mandaguari, no Norte do Paraná. O corpo da jovem apresentava sinais de extrema violência. Conforme apurado pela reportagem, a bailarina havia saído de casa em 25 de janeiro para ir até um chácara a 8 km de Mandaguari, onde realizaria um retiro espiritual. A mãe da bailarina a levou até o local e ficou de buscá-la no final da tarde do dia seguinte.
Segundo as investigações, a jovem estaria montando a barraca para acampar quando, possivelmente, foi retirada do local pelo suspeito. Populares acionaram equipes de segurança ao notar que ninguém retornou para dar continuidade ao acampamento. Bombeiros realizaram buscas desde o fim da tarde do dia 25 de janeiro até o outro dia e não localizaram a vítima. O corpo da jovem foi encontrado pela irmã dela, na tarde do dia seguinte.
No início de fevereiro a reportagem da FOLHA conversou com o delegado de Mandaguari, Zoroastro Nery do Prado, e, na ocasião, ele junto com as equipes realizaram um mapeamento dos possíveis locais onde ela passou com o auxílio de informações de pessoas ali por perto. Os peritos do IML (Instituto Médico-Legal) de Maringá coletaram material genético encontrado no corpo da vítima para confrontar com o colhido de suspeitos do crime. O resultado positivo levou a prisão do suspeito nesta sexta-feira.
O laudo do IML constatou que Magó foi vítima de violência sexual e apontou que a causa da morte foi estrangulamento. O homem foi preso em cumprimento a um mandado de prisão temporária e encontra-se detido à disposição da Justiça.
Atos em homenagem à bailarina
Cerca de 5 mil pessoas se reuniram em ato por Magó no último dia 1º, em Maringá. O feminicídio chocou a população e amigos, familiares e apoiadores começaram a se mobilizar para chamar a atenção para o crime em toda a região. Na mesma data, manifestações foram registradas em Londrina, Curitiba, Cascavel, Campo Grande (MS) e Florianópolis (SC). Uma semana depois, manifestantes se reuniram em São Paulo, Gamboa (SC), Belo Horizonte (MG) e Itaparica (BA).
(Atualizada às 19h)