O Paraná é o segundo estado que mais cumpriu mandados de prisão em 2024, totalizando mais de 31 mil presos que possuíam mandados em aberto. Os dados fazem parte do Sinesp (Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública) e se refere ao período entre janeiro e agosto.
O Estado ficou atrás apenas de São Paulo, com 46,7 mil mandados cumpridos em oito meses, e está bem à frente de Minas Gerais, terceiro colocado com 11,4 mil prisões nesta modalidade.
As operações são geralmente coordenadas pela PCPR (Polícia Civil do Paraná), mas em muitos casos também contam com o apoio de outros órgãos de segurança paranaenses, municipais, de outros estados e até corporações nacionais, como Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal, que cumprem mandados de maneira isolada. Na prática, as ações coordenadas pelos agentes de segurança pública corresponderam por 17,3% das 179 mil prisões efetuadas mediante mandato judicial no Brasil neste ano.
Na comparação com os mesmos meses de 2023, as forças de segurança paranaenses ou que atuam no Paraná ampliaram em 6,45% os mandados cumpridos entre janeiro e agosto enquanto em nível nacional a variação foi de 2,44%. Este também é o quarto ano seguido em que há aumento das prisões efetuadas nesta modalidade no Estado. Em 2020, foram 17,4 mil, passando para 22,4 mil em 2021, 24,6 mil em 2022, 29,1 mil em 2023 e os atuais 31 mil em 2024.
Na avaliação do secretário estadual da Segurança Pública, Hudson Teixeira, o crescente desempenho está diretamente ligado aos investimentos feitos pelo Governo do Estado para melhoria das condições de trabalho dos policiais. Ele lembrou que o orçamento da pasta foi ampliado de R$ 2,5 bilhões em 2019 para R$ 6,5 bilhões em 2024.
“São políticas como a criação da Polícia Penal, a valorização da Polícia Científica e a contratação de delegados para todas as comarcas estaduais, bem como a retirada dos presos das delegacias para que os agentes se dedicassem exclusivamente às investigações e operações. Estes fatores, somados à dedicação dos policiais, têm elevado os índices de elucidação de crimes cumprimento de mandados em todo o Estado”, afirmou Teixeira.
“Além disso, o crescimento também está ligado ao programa Mulher Segura Paraná, lançado recentemente e que inclui, entre outras ações, o reforço no cumprimento de mandados judiciais em aberto contra os agressores”, complementou o secretário da Segurança Pública.
Em média, houve 127 prisões relacionadas a mandados em aberto por dia no Paraná neste ano. Um dos exemplos mais recentes deste trabalho ocorreu nesta sexta-feira (27), em Cascavel, onde oito pessoas foram presas em uma operação da PCPR contra o tráfico de drogas na região Oeste do Estado. A operação contou com suporte aéreo de helicópteros e cães policiais da instituição, além de apoio da Guarda Municipal.
Na última quarta-feira (25), mais de 40 policiais civis e miliares foram a Prudentópolis, na região Centro-Sul do Estado, para o cumprimento de 19 mandados judiciais, dos quais 10 eram de prisão preventiva, além de outros nove de busca e apreensão de drogas, dinheiro e armas.
Outras 57 pessoas foram presas durante três megaoperações simultâneas contra o crime organizado no dia 17 de setembro. Coordenadas pela PCPR, as ações envolveram 300 policiais em 22 cidades do Estado, além de Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro, além de contar com apoio da Polícia Penal do Paraná, Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal.
Com 416 operações realizadas apenas em 2024, Polícia Civil completa 171 anos no Paraná
POLÍTICAS PÚBLICAS
De acordo com o delegado-geral da PCPR, Silvio Rockembach, a posição de destaque do Paraná em nível nacional com relação ao cumprimento de mandados de prisão está ligada diretamente a três pilares das políticas públicas para o setor implementadas a partir de 2019 pelo Governo do Estado: definição de indicadores de desempenho, valorização dos policiais e investimento maciço na modernização da estrutura à disposição destes profissionais.
“Um dos principais indicadores usados para medir a eficiência e eficácia da instituição é justamente o cumprimento de mandados de prisão para que os crimes que elas cometeram não ficassem impunes. Isso fez com que as unidades trabalhassem de forma integrada e com uma missão bem clara”, afirmou.
O Estado investiu na aquisição de viaturas, aeronaves e embarcações modernas, bem como em novos armamentos e equipamentos. “A Polícia Civil do Paraná possui o que há de mais moderno no mundo para investigação, o que aumentou significativamente a capacidade de localizar e prender pessoas com mandados em aberto, assim como dar cumprir rapidamente os novos mandados que são expedidos ao longo das investigações”, acrescentou o delegado geral.
Rockembach lembrou ainda que o Governo do Estado efetuou em 2022 a maior contratação de delegados da Polícia Civil da história, o que permitiu que o Paraná tivesse ao menos um profissional deste tipo em cada uma das 161 comarcas a partir de 2023. Outro exemplo recente ocorreu em maio deste ano, quando o governador Carlos Massa Ratinho Junior autorizou o maior pacote de promoção dos agentes da PCPR, beneficiando 2.337 policiais civis.
“A readequação das forças policiais, que hoje trabalham motivadas por terem o devido reconhecido do Estado, resulta em investigações de mais qualidade, com a conclusão ágil dos inquéritos e a consequente decretação e efetivação das prisões”, concluiu o delegado geral.
MULHER SEGURA
Além do combate ao crime organizado e ao tráfico de drogas, que correspondem ao maior volume de mandados de prisão cumpridos pelos policiais paranaenses, outra linha de atuação tratada como prioridade pelo Governo do Estado é o combate à violência contra a mulher.
Criada em abril de 2024, a Operação Mulher Segura já efetuou 2.501 prisões, das quais 2.151 em flagrante. As outras 350 prisões efetuadas até o momento são reflexo do cumprimento de mandados de prisão relacionados a crimes como violência doméstica, crimes sexuais, feminicídio e descumprimento de medidas protetivas.
Entre os dias 1º e 28 de agosto, a PCPR efetuou 848 prisões em flagrante ou com mandados judiciais em aberto de pessoas envolvidas em crimes contra mulheres no Estado. A ação integrou a Operação Shamar, coordenada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, e que visou o combate à violência contra a mulher em todo o território nacional.